"Vénia ao 3° Anel" é a visão de um Benfiquista profundamente apaixonado pelo ideal do seu clube, mas por isso exigente e racional com quem momentaneamente o representa. A águia tem sempre que voar alto
O Benfica jogou para a Taça da Liga numa quinta-feira à noite contra uma equipa da segunda divisão (mais uma aberração do futebol moderno, chamado AVS. O que é um AVS?) e teve naturalmente a pior assistência da época 23/24. Dito desta forma, poder-se-ia pensar em quinze ou vinte mil pessoas. Vou deixar uns dados da Taça da Liga, antes de prosseguir com a ideia: No último clássico Sporting - FC Porto estiveram em Alvalade 44.300 espetadores. No tal jogo do Benfica para a Taça da Liga a um dia de semana, contra uma equipa da segunda divisão, estiveram mais adeptos. E essa foi a pior assistência do ano no Estádio da Luz! Dir-se-á: cá está a dimensão social gigantesca do Benfica! Mas é por isso que destaco as assistências que o mesmo Benfica tinha para a Taça da Liga há 10 anos. Em jogos de fase de grupos rondava os 15.000 espetadores (embora com um ascendente constante: em 2019 já tinha 37.000 pessoas). Ganhou assim o Benfica tantos adeptos em 10 anos? E por que o Sporting e Porto mantêm as lotações de 20.000 nestes jogos? Há um fenómeno de estádio a acontecer no Benfica que merece ser estudado. Porque nunca aconteceu esta consistência de assistências no clube, nem isto é normal no futebol Português. Como se chegou a esta situação, em que faça chuva ou faça sol, seja o Sporting ou o AVS, seja sábado ou quinta-feira, o Benfica tem sempre o estádio bem composto e quase sempre a rondar a lotação máxima? Numa Liga onde vemos os estádios quase sempre vazios e onde os dois maiores rivais Sporting e FC Porto também têm um aumento de assistências nos últimos anos (excluindo os anos do Covid, como é óbvio), mas nada que se assemelhe ao Benfica? (o líder e entusiasmado Sporting teve apenas 33.000 espetadores no último jogo para o campeonato, antes do clássico) Penso haver várias razões, que passo a explanar: Em contraponto a este fenómeno social a acontecer à volta das idas ao Estádio da Luz, é preciso reconhecer que quantidade não tem sido qualidade. O ambiente de apoio à equipa no Estádio é muitas vezes vocalmente fraco. Falham as claques e falha esta "Geração Instagram" que ocupa mais as mãos com o telemóvel do que em bater palmas à equipa. Nesse aspeto há muito a melhorar nos próximos anos. Mas isso daria outra crónica... Duas notas finais: muitos dirão que este pico no Benfica e vazio nos outros clubes acontece devido às extremas assimetrias do futebol português, em que 90% da população apoia 3 clubes, deixando os outros ao abandono de uns quantos resistentes. É verdade. É muita verdade. O Tugão seria mais equilibrado se não estivessem 60 mil na Luz e 2 mil nos outros estádios. Mas disso o Benfica não tem culpa. Nem os benfiquistas. O clube faz a sua parte pela promoção do desporto e tem obrigação que no tema da centralização dos direitos desportivos faça valer a sua força social, mesmo sabendo que se se vai puxar o cobertor para baixo, ele vai destapar em cima. E a nota final é que continuando o clube neste ascendente (e falta o teste do algodão: se numa temporada má as assistências mantêm-se lá em cima) chegará um momento em que terá que começar a pensar na possibilidade de aumentar a lotação do seu estádio. Seja avançando para o "safe standing" no piso zero da bancada Sagres ou mesmo com obras no recinto. Mas isto é um debate para o médio/longo prazo e que também daria para outra crónica... Que o Benfica siga em força, como tem estado nos últimos jogos e sempre com a sua onda vermelha atrás. "Chove? Faz frio? Está calor? Que importa. Béla Gutmmann
Sporting-4 Farense-2 23/24: 22.800 espetadores
Porto-4 Vizela-0 22/23: 21.900 espetadores
Nem que o jogo seja no fim do mundo, entre as neves da serra ou no meio das chamas do inferno,
Por terra, por mar, ou pelo ar, aí vão eles, os adeptos do Benfica, atrás da equipa.
Grande, incomparável, extraordinária massa associativa!"