OPINIÃO | Balanço

8 meses atrás 66

"A Preto e Branco” é uma coluna de opinião que procurará reflectir sobre o futebol português em todas as suas vertentes, de uma forma frontal e sem tibiezas nem equívocos, traduzindo o pensamento em liberdade do seu autor sobre todas as questões que se proponha abordar.

Terminada a primeira volta do campeonato, e com as restantes competições nacionais em pleno curso, é tempo de fazer um pequeno balanço a esta primeira metade da temporada e às perspectivas que se abrem para o que dela resta.

No que toca ao campeonato, há que dizer que ele está dentro daquilo que é o seu habitual, ou seja, com três candidatos ao título que decidirão entre eles quem no seu fim festejará mais um campeonato ganho.

Sporting, Benfica e Porto, porque é obvimente deles que falamos, estão numa disputa renhida, com ligeira vantagem dos dois rivais de Lisboa sobre o seu adversário do Porto, mas qualquer um deles está em condições de poder terminar a corrida em primeiro lugar.

Pese embora os denodados esforços de alguma comunicação social, de alguns jornalistas e alguns comentadores, os candidatos ao titulo são apenas estes, por mais que se esforçem por arranjar um quarto candidato com base numa artificialidade e um poder inventivo que apenas suscitam comiseração por tanto  esforço em vão.

E digo-o com pena porque bom seria que o titulo fosse disputado por mais equipas.

Depois, assiste-se a um curioso duelo entre os dois grandes rivais minhotos pelo quarto lugar, com o Braga a fazer um campeonato dentro do que lhe é habitual nos últimos anos e o Vitória a regressar a uma disputa em que durante anos foi um dos mais fortes concorrentes, a par de Boavista, Braga, Belenenses, Vitória Futebol Clube entre outros.

Quanto aos restantes clubes, uma palavra para o bom campeonato do Farense e do Boavista, em lugares tranquilos, e para as inesperadas dificuldades de Chaves e Rio Ave, em lugares que não são os seus, mas que ainda têm muito tempo para deixarem.

Nota última, em termos de balanço do campeonato, sobre o poderio do futebol minhoto, com quatro equipas posicionadas imediatamente a seguir aos candidatos ao titulo, o que é uma boa referência para os clubes da Associação de Futebol de Braga, a maior do país em termos de clubes na primeira liga, pese embora Vizela e Gil Vicente estarem a fazer campeonatos abaixo das expectativas.

Na Taça de Portugal, a mais democrática das provas, apesar da perplexidade pelos métodos usados nos sorteios, os quartos de final apontam para umas meias-finais com Vitória, Porto, Sporting e Benfica, se dos lados de Gi Vicente, Santa Clara, União de Leiria e Vizela não vier nenhuma manifestação de discordância.

O que, a confirmar-se (mas primeiro é preciso jogar) proporcionará, para deleite da FPF, dos patrocinadores da prova e da comunicação social, que nas meias-finais estejam os quatro clubes portugueses com maiores massas associativas, o que promete casas cheias para os quatro jogos e grande interesse mediático em torno dos mesmos.

Na Taça da Liga, que se decidirá na próxima semana, teremos Braga com Sporting e Benfica com Estoril a discutirem a presença na final, sendo provável, mas não certo como é óbvio, que o Benfica seja um dos finalistas. O outro logo se verá.

E, num balanço da primeira metade da época, não podia faltar uma análise mais detalhada sobre o que tem sido a carreira do Vitória.

Para arrumar já com o que foi mau, é de referir que as eliminações da Liga Conferência e da taça da liga aos pés de Celje e Tondela, duas equipas às quais é claramente superior mas esqueceu-se de o demonstrar em campo, foram duas grandes desilusões, em especial a saída da competição europeia, onde chegar à fase de grupos era obrigatório.

Na Taça de Portugal, o Vitória está às portas das meias-finais, tendo para isso que derrotar o Gil Vicente em Guimarães, depois de um percurso que tem de se considerar como fácil, tendo defrontado o Moncarapachense fora de casa (mas no estádio do Algarve e não no recinto do adversário) e eliminado no D. Afonso Henriques o Lank Vilaverderse e o Penafiel, equipas do II escalão.

Quanto ao campeonato, sempre a prova mais importante, é aquela em que existem mais razões de satisfação, ao fim das primeiras dezassete jornadas, porque a equipa está a fazer um muito bom percurso, atingindo o final da primeira volta em quarto lugar, empatada com o velho rival e numa sequência de resultados positivos, tendo vencido quatro e empatado dois nos últimos seis jogos disputados.

E isto é especialmente de assinalar porque a equipa vai no terceiro treinador (mais o interino João Aroso) depois da saída de Moreno ao fim de um jogo, do erro que foi a contratação de Paulo Turra e do enorme acerto que se está a revelar a chamada de Álvaro Pacheco à liderança do plantel.

A verdade é que o grupo de trabalho soube ultrapassar as dificuldades de tantas mudanças em tão pouco tempo e o actual treinador tem, entre outros, o enorme mérito de ter unido o balneário em torno de si e dos objectivos do clube, mantendo-o na luta por um lugar europeu na próxima temporada, seja via campeonato, seja via taça de Portugal.

Terminada a primeira volta, é este um dos balanços possíveis sobre o que tem sido a carreira do Vitória nesta primeira metade da temporada.

Sendo certo que, para que a segunda volta e a taça de Portugal continuem a corresponder às expectativas criadas, há duas coisas que são absolutamente necessárias.

Uma é manter no plantel os jogadores essenciais, evitando o seu desfalque neste mês sempre complicado da reabertura do mercado.

A outra é reforçá-lo cirurgicamente, com os pés bem assentes na terra e sem cometer exageros que saem caros, com jogadores para o sector dianteiro, que está absolutamente carente de mais soluções, nomeadamente para a posição de ponta de lança.

Sem isso, reforços e segurar os indispensáveis, receio bem que a segunda metade da temporada se assemelhe muito a “filmes “ já vistos demasiadas vezes!

E de desilusões estão os vitorianos cheios.

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