OPINIÃO | Bons hábitos

2 meses atrás 72

"O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

A época desportiva do SC Braga já começou de modo oficial, uma vez que os trabalhos efetivos já têm algumas semanas de vida. Estão de regresso as competições europeias, onde o SC Braga das últimas duas décadas é um cliente usual, tendo apenas falhado o acesso por uma vez nos últimos vinte e um anos, o que certifica bem a sua evolução desportiva em comparação com o restante período de vida. São os bons hábitos que estão de regresso aos palcos bracarenses e se “o hábito faz o monge”, então em Braga existe o bom cumprimento da “sua tradição religiosa”. 

Este prematuro envolvimento bracarense nas eliminatórias de acesso à fase de grupos da Liga Europa, que sofre mudanças relevantes esta temporada, resulta essencialmente da negativa prestação lusa na Liga Conferência desde a sua criação, uma vez ao longo dos seus três anos de vida nunca existiu nenhum “habitante” português na fase de grupos de uma competição que os Países Baixos aproveitaram bem para arrecadar os pontos necessários que permitiram ultrapassar Portugal a nível europeu. Recordo que a Conference League foi criada numa espécie de terceiro escalão europeu, para permitir que os países de menor expressão conseguissem competir com outros fora das duas principais competições de UEFA: Champions League e Europa League.

A queda no ranking implicou a perda de um representante português nas competições europeias, perdendo um lugar na principal competição e transitando um da Conference League para a Europa League. Veremos se esta temporada o representante luso consegue, como algo inédito, aquilo que deveria ser habitual, ou seja, a presença, em modo de estreia, na fase de grupos da competição. O caminho começou bem, mas importa mesmo é saber como termina, pois só esse fim dita o destino europeu na eventual representação portuguesa na fase de grupos.

A época atual poderá ser mais profícua pontualmente para Portugal, ainda que a diferenciação introduzida possa penalizar o país que terá menos uma equipa no “escalão principal” de nível europeu. A semana foi muito positiva uma vez que do Minho surgiram dois triunfos e os respetivos pontos para o ranking de Portugal, numa jornada sem mácula lusitana.

O SC Braga ainda vive alguns momentos de incerteza sobre a constituição do seu plantel, pois os rumores de algumas saídas pairam no ar, com a situação de André Horta no topo das conversas braguistas, sem esquecer a eventual mudança de Simon Banza, que se constitui como ameaça até que o mercado feche.

Foi neste contexto que pela primeira vez uma equipa israelita defrontou o SC Braga, na segunda pré-eliminatória da Liga Europa. A Pedreira vestiu-se de vermelho e branco para receber um desconhecido Maccabi Petah Tikva, que venceu a Taça de Israel na época passada, já foi derrotado na Supertaça na presente temporada e surgiu em Braga com pouca vontade de jogar. Era o jogo de estreia de Daniel Sousa como responsável arsenalista, que simultaneamente também era a sua estreia europeia na qualidade de treinador principal, e o primeiro tempo aquém do esperado parecia indicar um caminho nada recomendado para quem queria prosseguir em frente. Obviamente que o processo desportivo bracarense está a dar os seus primeiros passos, mas parece já ter deixado de gatinhar.

Contudo, pareceu evidente alguma insegurança nesse período e bastou acelerar um pouco mais o jogo no segundo período para que os golos chegassem e as oportunidades desperdiçadas de modo obsceno também. Ricardo Horta consolidou a sua posição de maior goleador de sempre em Braga, em reforço simultâneo a nível europeu dessa vertente, ao marcar o primeiro golo oficial dos brácaros na presente temporada e Rodrigo Zalazar fechou as contas e coroou uma grande exibição individual a ouvir o seu nome entoado pelas bancadas, que o aplaudiram, mais tarde, de pé quando os dois jogadores foram substituídos.

Agora, segue-se a segunda mão, a disputar na Bulgária devido ao conflito em que Israel está envolvido e para o qual parece haver pouca vontade de terminar. Enfim, não se entende como as armas substituem as palavras nos dias que correm, que deveriam ser de paz e tranquilidade e não de guerras absurdas. Pelo que observei na primeira mão, creio que o SC Braga tem todas as condições para seguir em frente, não admirando se voltar a vencer este adversário europeu, seguindo ao encontro dos suíços do Servette, que está comodamente instalado à espera da definição desta eliminatória.

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