OPINIÃO | Começa tudo outra vez

"O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

A anterior época futebolística do SC Braga parece que ainda há poucos dias terminou e já começaram os trabalhos de nova. Em bom rigor, o planeamento integrou o processo de preparação da (re)abertura da oficina bracarense. E as portas abriram-se de novo.

No início da preparação da nova época surgiram mais dúvidas do que certezas, ainda que algumas mudanças tenham surpreendido bastante. O treinador Daniel Sousa vai ter um trabalho de análise e seleção muito grande para definir um plantel que seja capaz de responder aos anseios da Legião. As saídas do plantel da temporada anterior incluem nomes como José Fonte, Borja, Cher Ndour, Pizzi, Abel Ruiz, Álvaro Djaló e Rony Lopes. Em sentido oposto, entraram pelas portas da Pedreira os jogadores Robson Bambu, Thiago Helguera, João Marques e muitos jovens da formação cujos sonhos individuais não conhecem fronteiras, ainda que muitos deles em breve vejam alterado o caminho onírico que percorriam. Muita gente a sair e muito menos a entrar, pelo menos para já.

Há nesta altura muitas indefinições e vários nomes para chegar aos trabalhos que Daniel Sousa coordena, depois de passada a fase de ansiedade que o próprio revelou sentir nos dias antecedentes ao começo da nova época desportiva. Claro que recomendo aos adeptos que se preparem para a eventual saída de mais um ou outro jogador, quer seja por mera gestão dos recursos disponíveis, quer seja a bem da saúde financeira cujo equilíbrio é desejado por todos. A situação de Roger, que esteve no dealbar dos trabalhos, preocupa toda a gente e não tem desfecho assegurado. Esperemos que o miúdo possa continuar a evoluir, pois acredito que seja o menos culpado e o mais prejudicado de todos os envolvidos.

Estes dias que se seguem serão de inquietação e de incerteza. Contudo, acredito que o plantel ganhará contornos de definitivo em breve, porque as competições a nível europeu começam ainda no mês de julho e implicarão um mês de agosto repleto de jogos a sério, tanto a nível interno como externo. Há muitas mudanças confirmadas e outras que ainda deverão surgir, mas quem se mantém intransferível é a massa adepta, que subiu na última época e poderá ser reforçada ainda mais nesta que agora começa a gatinhar. Isto não impediu que os sócios tivessem mostrado o seu justo desagrado na sequência do aumento de preços dos lugares anuais, de forma impactante, assim como da bilhética. A vida é feita de opções e penso que seria mais útil para o SC Braga voltar a subir os números registados na Pedreira do que alterar os preços nesta altura, numa questão estratégica que deveria ter sido considerada pelos decisores. Em relação à subida dos preços, ela deveria estar inserida num contexto de coerência, dada a disparidade de uns aumentos em relação a outros, e a sua alteração deveria ter sido mais gradual ao longo dos tempos. As pessoas iriam compreender melhor. O comunicado do clube não deu quaisquer indícios de inversão nas decisões tomadas, pelo que cabe a cada um fazer as suas próprias contas e tomar as decisões que considere melhor para si. Mesmo assim, acredito que o estádio voltará a subir no número de adeptos, em resposta ao expectável bom desempenho da equipa, ainda que no futebol nada seja rigoroso em previsão como a Matemática ou a Geometria.

O começo oficial das competições acontece com as eliminatórias de acesso à fase de grupos da “nova” Liga Europa, que muda bastante em relação às edições anteriores. Num dos próximos artigos debruçar-me-ei sobre as mudanças impostas pela UEFA nas suas provas. O sorteio ditou um duelo, a duas mãos, frente aos israelitas do Maccabi Petah Tikva FC, que escaparam à descida de divisão e venceram a Taça de Israel em simultâneo. O primeiro jogo será na Pedreira, no dia vinte e cinco de julho, e, no início de agosto, a segunda mão será jogada na Bulgária, devido à guerra absurda que acontece no Médio Oriente, entre Israel e o Hamas, que ameaça alastrar-se a outros locais, sempre com a certeza que se perdem muitas vidas humanas de modo cruel e aleatório. Enfim, outras conversas.

Uma nota final para o futebol feminino do SC Braga que vai sofrer uma alteração radical no seu plantel. Foram tantas as jogadoras a sair que nem vale a pena escrever o nome, pois seria bastante mais fácil referir quem ficou do que quem partiu. Mas, o que importa mesmo é perceber que Miguel Santos vai começar um trabalho de raiz, que seja capaz de corrigir a péssima temporada anteriormente realizada. Foi mau de mais o que se viu, sem qualquer correspondência ao investimento então realizado. O treinador será, deste modo, o arquiteto que desenha o novo plantel, esperando que os frutos sejam bastantes mais apetecíveis do que os precedentes.

Por fim refiro que nesta fase do defeso os artigos de opinião podem sair de modo mais espaçado no tempo, não havendo, mesmo assim, uma interrupção.