Opinião de Leonor Dias (Vodafone Portugal): Ter um share de love money

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Por Leonor Dias, Directora de Marca da Vodafone Portugal

Os marketeers são contratados para maximizar a exposição e retorno das marcas em que trabalham. Maximizar a audiência, optimizar o custo e a exposição, gerar engagement e, acima de tudo, construir negócio, conquistando clientes e uma fatia crescente do seu share of spend. Somos hardwired para falar de grandes números, de quotas de mercado e de receita, numa estratégia permanente de superação dos nossos concorrentes e da nossa performance histórica. Temos múltiplos dashboards e centenas de indicadores (sendo que sentimos sempre que ainda não estamos a medir correctamente determinado problema) para tomar decisões que nos deixem confortáveis, enquanto gestores de recursos limitados. Mas é realmente isso que nos faz sonhar enquanto seres humanos?

O desporto, para mim, veio tarde na vida. Nunca foi uma vocação na escola, antes pelo contrário. Não me cruzei com professores inspiradores nesse campo ou que tivessem tido a paciência de descobrir comigo a modalidade que me poderia fazer feliz. Também cresci numa década em que o desporto parecia mais natural para um rapaz, do que para uma rapariga. Mas casei com uma pessoa que adora desporto e que, com o passar dos anos, se tornou desportista, e tenho dois filhos que descobriram que o desporto não lhes faz bem só ao corpo, mas à alma. E tenho muito orgulho nisso.

Também tenho aprendido na minha vida profissional que podemos ser óptimos a fazer o que “é suposto”, mas só somos realmente excelentes a fazer o que nos apaixona. É preciso que as marcas tenham um share de “love money” e que as equipas o orientem para causas em que acreditam e que as façam levantar de manhã. A supertaça feminina de futebol é agora Vodafone. E toda a empresa sentiu que estava certo que assim fosse. Não porque a competição mobilize enormes audiências, construa notoriedade de marca ou gere negócio no imediato. Mas simplesmente porque está certo. Está certo mostrar às meninas que é fixe praticar desporto, está certo mostrar-lhes que conseguem entregar um jogo competitivo, de qualidade e emotivo até ao último segundo, está certo que as claques gritem pelo nome do clube que elas representam, está certo mostrar que há fair play no relvado, está certo ajudar a criar uma sociedade mais justa e mais igualitária. E está certo que isso faça acordar a equipa de manhã com a convicção de que está a ajudar a mudar alguma coisa. Que aquilo que é um pequeno passo agora é, na prática, o primeiro de muitos passos de uma maratona gigante na direcção certa. No sentimento de que há mais coisas que nos unem, do que aquilo que nos separa, e assim contribuir para a saúde física e mental da comunidade e de todos os que fazem parte dela.

Na Vodafone, estamos orgulhosos e contagiados por esta energia positiva das atletas que representaram a nossa competição. Sentimos que estamos do lado certo da história do desporto em Portugal. E isso, curiosamente, não se mede num indicador.

Artigo publicado na revista Marketeer n.º 338 de Setembro de 2024

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