OPINIÃO | Gasperini: coragem e convicção

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“Joga Bonito” é uma coluna de opinião de um treinador-jornalista que acredita ser possível apresentar um futebol bem mais atractivo, apaixonante e entusiasmante do que aquele que se vê habitualmente em Portugal. E pasme-se, com o mesmo objectivo presente na cabeça de todos os treinadores, adeptos e restantes agentes desportivos nacionais: ganhar!

Um dos atributos que mais aprecio no ser humano é a coragem. Coragem para seguir as suas ideias, os seus instintos, as suas convicções.

Coragem para continuar a acreditar mesmo quando os resultados não são imediatos. Coragem para compreender que o tempo é o melhor aliado de quem mais e melhor trabalha, de quem mais em si acredita, de quem procura seguir caminho mesmo quando o fim da estrada parece chegar já no próximo passo.

Gasperini, finalmente consagrado com um título (e que título) esta semana, é um dos maiores exemplos de coragem que conheço no mundo do futebol.
São cerca de 30 anos de treino. O que equivale a dizer que são cerca de 30 anos de espera. Mas também serão 30 anos de ideias, de convicções fortes, de trabalho. Serão 30 anos de imensa coragem para não se deixar abater pelo insucesso, pela ausência de títulos ou troféus.

O Gasperini que hoje está na ribalta na sua Atalanta B.C. é o mesmo que sucedeu a Mourinho na FC Internazionale Milano e não conseguiu que as suas ideias triunfassem.

É o mesmo que nos últimos oito anos teve de se reinventar, ano após ano, perante as saídas de Papu Gomez, Ilicic, Romero, Goosens, Castagne, Malinovski, Zapata, Muriel, entre outros.

Estará certamente mais experiente e mais sábio, mas não perdeu a sua essência. Não abandonou as suas ideias. Não traiu as suas convicções.

Foi corajoso em todo o seu percurso. Soube esperar mesmo não sabendo se algum dia a sua espera iria ser recompensada. Soube confiar mesmo não sabendo se algum dia essa confiança iria ser retribuída...

E uma vez mais o tempo recompensou. Uma vez mais o tempo retribuiu. Quiçá no momento menos provável de todos o tempo disse presente e deu de presente a Gasperini o maior presente de todos: a Liga Europa.

A consagração, justa e sem espinhas, mais não é do que a validação externa de todo um percurso iniciado há 30 anos. Pode parecer coisas de somenos, mas não é.

Contudo, a mais importante e verdadeira validação tem os mesmos exactos anos de carreira de Gasperini. E é a validação interna de quem acreditou sempre em si e no seu trabalho

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