OPINIÃO | Joguem com raça, joguem com coração

7 meses atrás 46

"O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

A cidade de Leiria tem sido, nos últimos dias, o palco das atenções nacionais no que ao futebol diz respeito. A final four da Taça da Liga realiza-se ali pela quarta vez consecutiva, na derradeira aparição da fase decisiva da competição por aqueles lados.

As meias finais disputaram-se em dois dias seguidos, no mesmo estádio, que registou duas enchentes fora do comum, ainda que sejam reconhecidas as assistências leirienses da última época, onde a oferta de bilhetes contribuiu bastante para a subida da sua principal equipa de futebol ao segundo escalão do futebol português através do apoio dos seus seguidores.

A primeira decisão aconteceu na terça-feira, com o SC Braga a vencer o Sporting CP e a ganhar o direito para estar na final, num jogo em que a eficácia ditou leis. Abel Ruiz decidiu o jogo, no seu regresso feliz aos golos, tornando-se o homem do jogo. Há muito que o jogador espanhol procurava este momento, que aconteceu numa altura decisiva, pelo que a Legião espera agora que “Abelito” volte ao poder de decisão que as suas qualidades inegavelmente permitem. Estava conseguida mais uma final para os bracarenses, que aguardaram, no dia seguinte, sentados a definição do seu adversário.

A segunda partida decisiva levou o GD Estoril Praia à final, o que acontece pela primeira vez, depois de eliminar o SL Benfica de uma forma que surpreendeu até as casas de apostas, que davam favoritismo esmagador às águias. O futebol é assim e permite que o mais pequeno vença o maior, em várias ocasiões, como neste caso em que a decisão surgiu no desempate por pontapés da marca de grande penalidade, onde a equipa canarinha foi melhor. Recordo que os estorilistas já tinham deixado pelo caminho o FC Porto, num percurso que valida positivamente a chegada da equipa ao encontro da final.

Este sábado a cidade de Leiria volta a centrar as atenções, ainda que as equipas presentes na definição do campeão de inverno não fossem as que a maioria do país desejava. SC Braga e GD Estoril Praia vão reeditar a final da Taça FPF em 1977, em que o sorriso da vitória pendeu para os bracarenses, algo que os seus adeptos desejam repetir agora.

O SC Braga surge na final da Taça da Liga com algum favoritismo teórico que a prática muitas vezes se encarrega de contrariar, como aconteceu precisamente nesta semana, em que os favoritos ficaram pelo caminho. A equipa arsenalista já esteve numa final em que era favorita, contra o Moreirense em 2017 no Algarve, e as coisas correram mal, com os cónegos da vencerem e mandarem uma Legião triste e cabisbaixa para casa, incrédula com o que a sua equipa desperdiçara. Uma final requer sempre cuidados especiais, uma vez que sendo jogada numa só partida nivela mais as equipas presentes e não dá margem de recuperação noutro dia, como uma eliminatória a duas mãos permite, por exemplo.

Espero que a equipa tenha aprendido com a derrota do Algarve, acima referida, e com o epílogo das meias finais desta edição da Taça da Liga, em que os favoritos teóricos se transformaram em derrotados na prática.

Esta é mais uma oportunidade de vencer um troféu e são as conquistas de títulos que consolidam o crescimento de um clube, pelo que apelo aos jogadores que surjam em campo determinados e conscientes do momento, para que joguem com raça e joguem com coração como lhes pedem os versos de uma canção que eles ouvem várias vezes sair das vozes braguistas que os acompanham.

Esta edição pode representar a última vez que em os adeptos das equipas presentes na final podem assistir ao vivo, uma vez que paira no ar a ideia absurda de levar a definição para um qualquer ponto do globo onde exista dinheiro para oferecer em troca, ficando os adeptos à margem dos interesses da prova, o que tem merecido o protesto veemente das claques e de muitas outras pessoas dos diversos clubes, cujas alterações no formato eliminam a essência que esteve na base da criação da Taça da Liga.

Boa sorte, SC Braga.

Ler artigo completo