OPINIÃO | O adiamento de um sonho

1 semana atrás 33

"O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

A época de futsal chegou ao fim antes do que se desejava em Braga, com toda a naturalidade de quem alimentava o sonho de chegar ao título de campeão nacional.

A final entre Sporting e SC Braga podia ter entre três e cinco jogos, em função dos resultados registados. Contudo, a lesão inoportuna de Robinho retirou capacidade à equipa arsenalista e prejudicou a fase de disputa do troféu, pois os melhores jogadores nunca deveriam estar afastados dos palcos mais distintos. A fase de decisão abriu na casa do leão, onde se viu uma primeira parte de verdadeiro luxo, repleta de incertezas e de momentos vibrantes para ambos os lados. Foi um hino ao futsal. O SC Braga esteve na frente do marcador por diversas vezes (0x1, 1x3, 3x4), mas o maior traquejo leonino permitiu-lhe ficar sempre dentro da discussão do resultado, ao passo que os Gverreiros da quadra pagaram uma certa inexperiência ao nível da gestão dos resultados e das emoções em vários momentos dessa fase. O segundo período foi muito mau para os lados brácaros, parecendo que houve algum chá fornecido aos atletas ao intervalo que estava estragado e que provocou danos imediatos. Maldita bebida aquela que foi mal servida e tapou os momentos de brilho anteriores, abrindo o caminho para uma segunda metade da partida sem qualquer golo marcado, além de quatro sofridos. Com o orgulho ferido no seu âmago, ficou a promessa de uma reação enérgica na arena bracarense por parte do grupo de trabalho.

Os bilhetes disponibilizados para o segundo duelo em Braga esgotaram em poucos minutos, o que se estranha num clube que aparentemente não tem adeptos, em diversas visões pré-feitas que o tempo não consegue corrigir. Parece, neste aspeto, que algumas mentes foram congeladas no tempo para preservação futura. A comunicação social também ajuda bastante na manutenção desta mentira, várias vezes reiterada.

O pavilhão estava repleto de vermelho e branco nesse segundo jogo no apoio a uma equipa que fizera um trabalho de excelência para chegar até aqui.  Contudo, a invulgar situação de passar um jogo completo sem marcar qualquer golo impediu o nivelamento das forças, com o Sporting a gerir com maestria o único golo surgido até aos últimos segundos, altura em que surgiu o segundo tento de baliza aberta e que já não era suposto integrar o guião da partida. Os bracarenses nem no período de dois minutos em que tiveram um elemento a mais na quadra foram capazes de alterar o rumo dos acontecimentos, ainda que o poste leonino ou o guarda-redes Henrique, que desempenhou a sua função de modo irrepreensível, tenham sido pouco colaborantes. Com o segundo triunfo obtido, estava aberta uma via verde para os leões conseguiram um tetra inédito, dado que dispunham de três oportunidades para vencer uma e, com isso, fechar as contas, sendo duas delas no seu reduto, ainda que de Braga surgisse a vontade de ainda poder discutir o cetro de campeão. Orgulhosos dos seus jogadores os braguistas tributaram-nos com aplausos de uma comunhão que é por demais evidente.

O terceiro duelo levou a febre de um sábado à noite para a casa leonina, uma vez que o triunfo registado (6x3) confirmava a obtenção de um tetra inédito no futsal português, uma vez que nunca nenhuma equipa tinha conseguido quatro títulos consecutivos. Os leões venceram a final num acumulado de três partidas sem resposta, sagrando-se campeões com toda a justiça, dado que foram melhores na final, para tristeza da Legião do Minho. Os meus parabéns ao Sporting porque acabou por ser um campeão com mérito, como reconheceu também o treinador bracarense no final.

Esta temporada significou um crescimento enorme no futsal bracarense, para o qual muito contribuiu a excelências das condições da AMCO Arena, que aproximou os adeptos da equipa. Factualmente, o novo e moderno recinto é um valor acrescido, que ajuda no engrandecimento do trabalho. O SC Braga liderou a fase regular por muitas jornadas e apurou-se para a fase das decisões depois de eliminar o ADCR Caxinas Poça Barca e o Benfica, o que atesta bem a qualidade deste futebol de uma bola menor, jogado a céu coberto e que tem muito para ensinar ao futebol dos relvados, em especial no que à verdade desportiva diz respeito. Além da performance na liga, o SC Braga venceu a Taça de Portugal, conseguindo Joel Rocha e os seus comandados o primeiro troféu do clube, que se deseja ver acompanhado no futuro da modalidade na Bracara Augusta.

E assim termina a época da quadra bracarense, tendo havido apenas o adiamento de um sonho de chegar a campeão nacional, pois a época agora finda representou um salto qualitativo grande, devendo ser motivo de orgulho e pedindo uma sequência que a leve ao topo nacional.

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