OPINIÃO | Os eleitos

6 meses atrás 65

"A Preto e Branco” é uma coluna de opinião que procurará reflectir sobre o futebol português em todas as suas vertentes, de uma forma frontal e sem tibiezas nem equívocos, traduzindo o pensamento em liberdade do seu autor sobre todas as questões que se proponha abordar.

O jogo da passada quinta feira, em Guimarães, e o da próxima terça feira, na Eslovénia, serão as últimas oportunidades para Roberto Martinez tirar algumas dúvidas que eventualmente ainda tenha sobre o lote final de jogadores que levará à Alemanha. 

Diria até que, mais do que dúvidas sobre os eleitos, o selecionador terá querido ficar melhor informado sobre jogadores que, eventualmente, possam vir a ser chamados por impedimentos daqueles que estarão já no seu pensamento como opções finais. 

Como é sabido, para este duplo confronto, foram chamados 32 jogadores (a que se juntaria Dany Mota) que, com os lesionados Diogo Jota, Pedro Neto e Ricardo Horta, completarão o lote de 36 jogadores dos quais previsivelmente sairão os tais 23 eleitos para o Europeu.

E o que se pode, neste momento, dizer sobre o que serão essas opções?

Que há muito poucas dúvidas salvo lesões ou impedimentos de última hora.

Na baliza, as opções tem sido tão consistentes nos convocados que ninguém duvidará que Diogo Costa, Rui Patrício e José Sá serão os escolhidos.

Depois, nos laterais, há nomes que são indiscutíveis, como os casos de Cancelo, Dalot e Nuno Mendes, havendo depois espaço para mais um lateral que poderá ser Nélson Semedo, que marcou pontos face à Suécia, se Cancelo for visto como opção para a esquerda ou Raphael Guerreiro se Cancelo for opção para a direita.

Creio que João Mário terá menos hipóteses e o jogo de Guimarães terá tirado qualquer dúvida sobre a opção Toti Gomes como lateral.

O centro da defesa é, em termos do binómio quantidade versus qualidade, o setor que me parece menos bem.

Rúben Dias e Pepe são indiscutíveis, mas os 41 anos deste último darão muito que pensar a Martinez porque, pese embora tratar-se de um atleta excepcional, a verdade é que necessita de tempos de recuperação cada vez maiores e isso, tempo, é algo escasso na fase final do Europeu.

Gonçalo Inácio e António Silva deverão ser as outras duas opções, salvo se Danilo for encarado como polivalente para trinco ou central e isso dispensará a convocatória de um dos outros dois.

Diogo Leite, esse, será opção para depois do Europeu, assim creio.

No meio campo, há nomes que se podem considerar como certos face à aposta regular que o selecionador tem feito neles e ao rendimento que tem dado ao longo da época. 

Bruno Fernandes, Palhinha, Otávio, Danilo (até pela já falada questão da polivalência) e João Neves parecem-me seguros, havendo depois espaço para mais um ou dois jogadores e, aí, a disputa será essencialmente entre Matheus Nunes e Vitinha (até podem ir ambos) porque Rúben Neves parece-me, atualmente, num patamar inferior para lá de na seleção nunca ter exibido o mesmo rendimento que tem nos clubes.

Para o ataque, também creio que, em condições normais, o assunto estará decidido.

Ronaldo, Bernardo Silva, Diogo Jota, Gonçalo Ramos, Rafael Leão e João Félix terão viagem marcada para a Alemanha, o que significa que outros nomes como Ricardo Horta , Pedro Neto e Bruma terão menos hipóteses de incluírem a escolha enquanto as oportunidades agora dadas a Jota Silva, Trincão (que por lesão nem pôde aproveitar), Dany Mota e Francisco Conceição terão também mais a ver com o pós-Europeu do que propriamente com aqueles que lá irão marcar presença.

Há que ressalvar, contudo, que lesões e impedimentos podem abrir portas que, à partida, parecem fechadas e, aí, não será de excluir que Roberto Martinez aposte num ou noutro jogador menos esperado. Face aos tais trinta e seis jogadores que referi no início do texto parece-me que as coisas andarão dentro do aqui previsto.

Mas, não deixo de recordar, embora não ache nada provável que venham a ser chamados para este Europeu, alguns nomes de jogadores cujo valor e carreira os torna perfeitamente selecionáveis a qualquer momento. 

O guarda redes Rui Silva, os centrais Eduardo Quaresma e Tiago Djaló, o lateral Nuno Santos, o médio Renato Sanches (que pena a sua carreira andar a marcar passo há tanto tempo) e os avançados André Silva, Gonçalo Guedes, Pedro Gonçalves e Beto.

Para lá de jovens como Fábio Vieira, André Almeida e Vitinha (Génova), entre outros, que certamente farão parte dos projetos de Roberto Martínez para a fase de apuramento para o próximo Mundial.

Veremos o que se vai passar até 20 de Maio, data da escolha definitiva.

Esperando que os lesionados recuperem totalmente (muito em especial Diogo Jota, que é um jogador que pode fazer a diferença) e que não existam quaisquer tipo de problemas com os restantes de modo a que a escolha possa ser feita sem o inconveniente de haver jogadores com qualquer tipo de impedimento que os impossibilite de serem opção. 

P.S. A estreia de Jota Silva pela seleção no seu palco de sonho e, face ao rendimento evidenciado, confirmou que a sua chamada foi por mérito e não devido a qualquer tipo de favor, “cunha” ou influência. O que torna ainda mais lamentáveis alguns comentários televisivos, por coincidência todos no mesmo grupo de comunicação, feitos por gente que não presta enquanto comentadores de futebol e que desrespeitaram o jogador e o clube. A exibição de Jota Silva foi a mais que merecida bofetada de luva branca!

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