OPINIÃO | Pragmatismo

8 meses atrás 58

"O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

O SC Braga regressou às vitórias em Famalicão, num contexto muito difícil, em que o dado mais positivo foi mesmo o resultado conseguido. Apetece dizer que, num mês de janeiro tão complicado, já tinha saudades de saborear uma vitória. Afinal, foi o primeiro sucesso do ano civil, o que parece colocar o último triunfo a uma distância muito grande. Ilusões que o tempo cria.

O primeiro mês do ano antevia-se complicado, em função do calendário definido. Os primeiros cinco jogos, para diferentes competições, colocavam como rivais quatro dos cinco primeiros classificados e uma deslocação, sempre árdua, a Famalicão. Este miniciclo começou da pior forma, através de um
empate doloroso, frente ao vizinho de Guimarães, num jogo que deveria ter sido vencido com relativa facilidade, em função das oportunidades desperdiçadas antes do inusitado e extemporâneo golo adversário que gelou a Pedreira. Estava dado o mote, pela negativa, para as dificuldades que se seguiam. 

A visita ao Benfica, para a Taça de Portugal, voltou a resumir-se numa derrota imerecida, em função do que as equipas fizeram em campo, depois de insucesso análogo para a liga portuguesa consentido em Braga frente ao mesmo adversário recentemente. Nesta partida faltou sorte, eficácia defensiva e ofensiva, e o cumprimento das regras, para expulsar um jogador argentino das águias que encostou a cabeça ao fiscal de linha (ou juiz auxiliar, se preferirem), num tom de ameaça inaceitável. O bom desempenho brácaro não teve correspondência no desfecho da eliminatória. As dificuldades arsenalistas prosseguiam em pleno dragão, onde o fraco desempenho resultou em nova derrota, oferecida por dois lances de bola parada, num duelo em que os dois contendores ficaram aquém das suas capacidades. Os adeptos saíram do Porto resignados, depois de uma exibição pálida e de novo resultado negativo.

A visita a Famalicão surgia num contexto de dificuldades acrescidas, com um ambiente em redor da equipa que nada a beneficiava. Todos sentiram isso mesmo e a fraca performance bracarense foi reflexo da situação existente. O apoio braguista voltou a ser efetivo, uma vez que a baixa quantidade de bilhetes cedidos para venda esgotou rapidamente. A partida teve um primeiro tempo inócuo, de ambas as partes, pelo que parecia existir um pacto de não agressão assinado secretamente. O segundo período foi mais agitado e repleto de incidências até ao último segundo. O marcador foi inaugurado numa boa correção proposta pelo VAR sobre o lance que resultou em penálti não sancionado em tempo real e que permitiu aos famalicenses inaugurar o marcador. Este lance adensou ainda mais a nebulosidade em torno da equipa bracarense, mesmo que os adeptos não se cansassem de a apoiar, rumo a um desfecho melhor. As substituições, numa equipa que anda desfalcada há algum tempo, ajudaram a conquistar o golo do empate, num lance em que o falhanço escandaloso de Roger, transformado em assistência para Borja, retrata bem a fase da equipa. As emoções não terminavam aqui e perto do fim, numa fase em que os arsenalistas buscavam algo mais no jogo, surgiu nova grande penalidade assinalada pelo árbitro, num lance em que o VAR recomendou a sua correção, que felizmente (e acertadamente) viria a acontecer. O final da partida trouxe o golo da vitória, pela cabeça de Álvaro Djaló, na sequência de um canto, em tempo adicional justamente concedido pelo árbitro, face à paragem para substituição, análises do VAR e perdas de tempo existentes. Estava conseguida a correção do percurso negativo do SC Braga e conquistado o primeiro triunfo do ano, numa partida em que o resultado é melhor do que a exibição.

O resultado obtido, sem grande amor de perdição para os famalicenses, resulta de um pragmatismo que valoriza a conquista dos três pontos, numa altura em que isso deve elevar os índices de confiança para final four de Leiria, onde já na terça-feira é preciso defrontar o Sporting, em mais um duelo de
elevada dificuldade. Espero que a nova fase que agora se inicia seja mais favorável e de Leiria até Braga possa viajar mais uma Taça da Liga, ainda que as dificuldades existentes desafiem a equipa a superar-se e a querer chegar triunfante ao seio da Legião do Minho. Não me importo nada que o
pragmatismo esteja presente, se isso resultar na obtenção do desejado troféu, mas lembro que esse pragmatismo não deve inibir a equipa de procurar jogar bem, uma vez que as equipas que o fazem estão mais próximas de vencer do que as que vencem em função da sorte.

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