OPINIÃO | Semana Santa

6 meses atrás 55

"A Preto e Branco” é uma coluna de opinião que procurará reflectir sobre o futebol português em todas as suas vertentes, de uma forma frontal e sem tibiezas nem equívocos, traduzindo o pensamento em liberdade do seu autor sobre todas as questões que se proponha abordar.

Fica já o alerta  para os leitores deste texto de que ele apenas compara realidades e não é nenhum tipo de crítica a ninguém pese embora os leitores
serem naturalmente livres de tirarem as suas legítimas conclusões. 

Ontem, no programa 4 à Grande, do zerozero ,e no tema livre que me coube escolher, falei sobre a Semana Santa em Braga, não na sua conhecida
vertente religiosa, mas na desportiva e no que a semana tinha trazido de boas notícias ao Sporting de Braga, estabelecendo, aí, alguns paralelismos com o
Vitória SC.

O primeiro assunto foi a venda de Álvaro Djaló ao Atlético de Bilbau por 15 milhões de euros e mais 5,5 milhões por objetivos que a serem concretizados
farão desta venda a terceira maior de sempre do clube.

Com a nuance, importante, de Djaló ficar em Braga até final de época ajudando a equipa na luta pelos seus objetivos. 

E a comparação com a transferência de André Silva para o São Paulo é inevitável e em nada favorece o Vitória SC. Jogador mais essencial ao Vitória SC que Djaló ao Braga (onde não é titular indiscutível) foi vendido por cerca de 3,5 milhões de euros, grande parte dos quais nem entrarão no Vitória SC porque são para pagar o que se deve ao Arouca, mais comissões aos empresários, mais outras despesas previstas e previsíveis o que somado aos salários pagos ao jogador neste ano e meio leva a que se conclua que o Vitória vendeu por 3,5 milhões de euros aquilo que no total lhe terá custado (aquisição mais salários) cerca de 5 milhões de euros! Ou seja, um negócio que deu prejuízo financeiro e sem que o clube tirasse qualquer partido da valorização futebolística do jogador.

A segunda boa notícia anunciada pelo SC Braga nesta semana foi que o seu mini-estádio, onde jogará a equipa B e a equipa de futebol feminino, ficará pronto a tempo de ser utilizado a partir da próximo época trazendo essas equipas para Braga e deixando de jogar no Complexo Desportivo de Fão.

Cabe aqui recordar, comparando, que quando o Vitória SC iniciou as obras do seu mini-estádio no chamado Campo nº5 do Complexo Desportivo ainda o SC Braga não tinha lançado uma pedra que fosse da obra que vai estar pronta em agosto/setembro. Isto enquanto as obras do mini-estádio do Vitória SC estão paradas há dois anos e a equipa B continua a penar na Pista Gémeos Castro.

A terceira boa notícia foi a compra do naming do novo pavilhão do SC Braga pela AMCO e doravante o edifício passará a chamar-se Arena AMCO. Ou seja, há a rentabilização do nome do pavilhão e obviamente um encaixe importante para as modalidades do clube. Sendo certo que este novo pavilhão do SC Braga é uma estrutura moderna e com valências que o do Vitória SC muito mais antigo não tem, o certo é que há uns anos (ainda com o presidente Júlio Mendes) o Vitória SC, em Assembleia Geral e por aprovação dos sócios, tirou o seu próprio nome do pavilhão para lhe atribuir o nome de uma falecida sociedade comercial que, ao contrário de algumas narrativas que por aí andam há muitos anos, nunca fez nada de especial pelo clube embora este lhe tenha prestado homenagens incompreensíveis como esta da atribuição do nome ao pavilhão e outra bem mais recente na Gala do Centenário.

E que ganhou o Vitória SC com isso? Nada! 

São três exemplos que ajudam a explicar uma só realidade. A de que o SC Braga cresce em termos desportivos, patrimoniais e comerciais (que arrastam inevitável crescimento associativo) a um ritmo constante, enquanto o Vitória SC marca passo e vê a distância para o velho e eterno rival nessas áreas continuar a aumentar com o passar dos tempos. 

Nem vale a pena tentarmos contrariar esta evidência agarrando-nos ao habitual prémio de consolação de que nas bancadas, no fervor associativo, no
apoio às equipas somos melhores que eles porque isso sendo verdade já não é uma verdade tão diferenciadora como o foi no passado. E não constatar isso é fechar os olhos à realidade o que é mais de meio caminho andado para não a tentar modificar.

Guimarães ainda está mais unida em torno do Vitória SC que Braga em torno do SC Braga, o Vitória SC ainda tem mais adeptos que o SC Braga, o Estádio D. Afonso Henriques ainda continua a registar maiores assistências ano após ano que a Pedreira. Mas os clubes, tal como os verbos, tem passado, presente e futuro.

O desafio que se propõe ao Vitória SC e aos vitorianos é naquilo que somos melhores: conseguirmos que o futuro seja igual ao passado e ao presente e
naquilo em que neste momento estamos atrás o futuro seja igual ao passado mas melhor que o presente. Porque só assim conseguiremos assumir a liderança dos clubes médios e tentar uma aproximação consistente aos três “donos disto tudo”. 

É um desafio que as circunstâncias presentes tornam difícil, pelas razões atrás expostas, mas passível de ser vencido por um clube cujo potencial de
crescimento é inigualável em termos de clubes médios do nosso país mas a que já não basta ter potencial porque o importante é que ele se converta numa
realidade.

Com a plena consciência de que já perdemos demasiado tempo!

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