Os ares da Vila

6 meses atrás 60

"O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

Vila do conde tem sido, ao longo dos anos, um local adverso para o SC Braga visitar. Num passado não muito distante as eliminatórias das taças portuguesas proporcionaram diversos confrontos entre rioavistas e brácaros, com desfechos diversos, parecendo até que o sorteio era viciado em determinada altura. Entre os vários confrontos existentes, o Rio Ave foi mais feliz quando Nuno Espírito Santo (NES) era o treinador, altura em que eliminou o SC Braga na Taça da Liga e na Taça de Portugal, ao passo que noutras alturas os sorrisos foram braguistas, por causa do desfecho que lhes foi favorável.

A fase mais intensa entre os dois clubes começou em 13 fevereiro de 2013 quando o Rio Ave, orientado por NES, eliminou o SC Braga, de Jesualdo Ferreira, na meia final da Taça da Liga a uma só mão, numa das piores arbitragens que se viu em Portugal até hoje, feita por Olegário Benquerença. Recordar aquela noite é recuar no tempo de modo penoso, num jogo em que o futebol saiu a perder, claramente. Este árbitro nunca mais apitaria um jogo bracarense, sendo a partir daquela data persona non grata em Braga. Ainda na mesma época houve novo duelo a eliminar, então na meia final da Taça de Portugal jogada a duas mãos, com o SC Braga, depois de registar um nulo na Pedreira, a perder em Vila do Conde, por dois golos sem resposta, resultado que colocou os vilacondenses no Jamor, onde perderiam a final.

A história seria alterada na época de 2014/2015, quando o SC Braga, orientado por Sérgio Conceição, eliminou o Rio Ave, treinado por Pedro Martins, depois de um triunfo de 3-0 registado em Braga e um empate, a um golo, no jogo da segunda mão. Contudo, a final do Jamor ficou de má memória para os braguistas, que ainda hoje têm dificuldade em recordar aquela tarde em que a taça esteve agarrada e depois fugiu das mãos arsenalistas sem uma explicação minimamente racional. Nessa mesma época, os bracarenses venceram em Vila do Conde para a Taça da Liga. Para não ser demasiado maçador não abordo especificidades da liga portuguesa, ainda que nos jogos disputados no reduto rioavista se registe uma vantagem dos visitados de 13 vitórias contra 6 dos brácaros, além de 9 empates observados, números que atestam bem as dificuldades que o conjunto que Artur Jorge comanda pode esperar no confronto desta jornada. Os ares da Vila, aliados às incertezas atmosféricas, criam sempre um contexto difícil para esta deslocação, que deve voltar a ter muitos adeptos visitantes na única bancada existente no estádio dos Arcos, mesmo com a ameaça de mau tempo existente.

O SC Braga chega a esta partida com um espírito renovado e os índices de confiança em alta, depois de quatro triunfos consecutivos, sem sofrer golos nos últimos dois, que recolocaram a equipa na luta pelos lugares do pódio, ainda que isso se mostre muito exigente e a pedir muita competência, dedicação e concentração, agora que o leque de opções surge mais alargado, depois dos regressos dos jogadores das seleções e do departamento clínico, onde foram clientes assíduos. A lamentar neste momento, de modo mais acentuado, está nova lesão de Ricardo Horta, sofrida no último encontro da Pedreira, no triunfo por 3-0 sobre o Estrela da Amadora, que deixa a equipa sem o seu Capitão por mais algum tempo. Faço votos para que se recupere bem e sem pressas, porque a pressa é, muitas vezes, inimiga da perfeição.

Os últimos tempos trouxeram duas certezas em Braga, pois se Álvaro Djaló está em contagem decrescente para rumar a Bilbau no final da temporada, para onde foi transacionado, João Moutinho renovou contrato por mais uma época, num acontecimento que merece a aprovação de toda a Legião, em função do rendimento que tem tido em prol do coletivo. É um gosto enorme ver este médio jogar em Braga, onde a lamentar há apenas a chegada tardia, ainda que a tempo de mostrar a sua inteligência e classe em campo como Gverreiro do Minho.

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