Os banqueiros que ontem marcaram presença no Fórum Banca, que o JE e a PwC promoveram na Gulbenkian, em Lisboa, mostraram-se cautelosamente otimistas em relação à evolução da economia este ano.
Sem esquecerem alguns riscos que persistem no horizonte, nomeadamente no plano geopolítico, os líderes dos sete maiores bancos nacionais procuraram transmitir uma imagem de confiança no desempenho da nossa economia. E quando questionados se a incerteza no plano político poderá constituir um risco, deram a única resposta que eventualmente poderiam dar naquele contexto: vivemos numa democracia e ir a votos é normal. E o facto de as agências de rating não terem penalizado Portugal após a queda do Governo é, de resto, um sinal positivo.
O problema deste argumento é que se, por um lado é verdade que as eleições não podem nem devem ser vistas como um risco para a economia – quer porque são algo normal, quer porque valores mais altos se levantam –, por outro, o problema está no dia a seguir às eleições.
Existem boas razões para termos receio, com as sondagens a indicarem que Portugal está a caminho de ficar atolado num pântano político, com os dois maiores partidos a terem muita dificuldade em formarem governos estáveis. Tal como devemos recear o facto de dois partidos dos extremos – o Bloco de Esquerda e o Chega – poderem vir a ter um nível de influência no futuro governo que há poucos anos seria impensável.
O resto da Europa está a ser varrida por populistas de todos os espectros ideológicos (fala-se muito da direita, mas na esquerda também os há) e tudo indica que Portugal se prepara para passar pela mesma experiência. Esperemos que no fim prevaleçam o bom senso, a capacidade de fazer pontes e de estabelecer consensos com quem pensa de forma diferente, e a defesa do superior interesse do país, sob pena de perdermos o que duramente conquistámos nos últimos 12 anos e de ficarmos todos mais pobres.