Pacto entre Rússia e Coreia do Norte pode afetar influência da China, dizem analistas

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Segundo analistas, os dirigentes chineses estão preocupados com a potencial perda de influência sobre Pyongyang, depois de o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente russo, Vladimir Putin, terem assinado o acordo, esta semana.

O acordo pode também tornar mais difícil para Pequim equilibrar os seus objetivos contraditórios: manter a paz na região e, ao mesmo tempo, contrariar o domínio dos Estados Unidos e os seus aliados no cenário internacional.

A China não comentou o acordo - que prevê que ambos os países forneçam assistência em matéria de defesa se o outro for atacado - e apenas reiterou a posição de que procura manter a paz e a estabilidade na península coreana e avançar com uma solução política para a divisão Norte-Sul.

A resposta chinesa tem sido "muito fraca", disse Victor Cha, vice-presidente sénior para a Ásia e a Coreia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, citado pela Associated Press. 

O especialista acrescentou que a ausência de uma resposta pode ser um sinal de que Pequim ainda não sabe o que fazer.

"Cada opção é uma má opção", consideroou.

Alguns funcionários em Pequim podem acolher com agrado a parceria Rússia - Coreia do Norte como forma de fazer recuar o domínio norte-americano nos assuntos mundiais, mas Cha disse que "há também um grande desconforto" na China, que não quer perder o domínio sobre o seu vizinho para a Rússia e trazer o conflito na Europa para a Ásia.

Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, não quis comentar o novo acordo.

"A cooperação entre Rússia e RPDC é um assunto entre dois Estados soberanos. Não temos informações sobre o assunto em questão", disse Lin, referindo-se à Coreia do Norte pelas iniciais do seu nome oficial, República Popular Democrática da Coreia. 

John Kirby, porta-voz da Casa Branca para a Segurança Nacional, disse aos jornalistas que o pacto "deve preocupar qualquer país que acredite que as resoluções do Conselho de Segurança da ONU devem ser cumpridas". O Conselho de Segurança impôs sanções à Coreia do Norte para tentar impedir o desenvolvimento de armas nucleares.

Kirby também disse que o acordo "deve preocupar qualquer pessoa que pense que apoiar o povo da Ucrânia é importante".

"E pensamos que essa preocupação será partilhada pela República Popular da China", acrescentou. 

Citado pela AP, Alexander Gabuev, diretor do Centro Carnegie Rússia - Eurásia, considerou que a China pode estar preocupada com a possibilidade de a Rússia ajudar o programa de armamento da Coreia do Norte através da partilha de tecnologia avançada.

"Se a China estiver de facto preocupada, tem influência tanto na Rússia como na Coreia do Norte e poderá provavelmente tentar impor algumas limitações a essa relação", afirmou.

O encontro entre Putin e Kim, esta semana, foi o mais recente capítulo de décadas de complicadas relações políticas e militares na Ásia Oriental, onde o Partido Comunista Chinês emergiu como uma potência líder que exerce influência sobre a Coreia do Norte e a Rússia.

Este e outros desenvolvimentos fizeram soar o alarme nos EUA de que Pequim, atualmente a segunda maior economia do mundo, poderia desafiar a ordem mundial liderada pelos EUA, alinhando com países como a Rússia, a Coreia do Norte e o Irão.

Sun Yun, diretor do programa para a China no Centro Stimson, disse que Pequim não quer formar uma aliança tripartida com a Coreia do Norte e a Rússia, porque "precisa de manter as suas opções em aberto".

Uma coligação deste tipo poderia significar uma nova Guerra Fria, algo que Pequim diz estar determinada a evitar, e prender-se a Pyongyang e a Moscovo seria contrário aos objetivos da China de manter relações com a Europa e melhorar os laços com o Japão e a Coreia do Sul, disse.

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