Pai viu-as desaparecer. Mãe e bebé de três meses encontradas sem vida em Espanha

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DANA

31 out, 2024 - 16:45 • Marta Pedreira Mixão

António viu a mulher e a filha serem arrastadas pela corrente, depois de os três terem tentado fugir das cheias em direção a Valência. A última coisa que viu foi Lourdes a pedir ajuda. Esta quarta-feira, o pior confirmou-se: os dois corpos foram encontrados no veículo.

Antonio Tarazona, de 59 anos, e Lourdes María García, de 34 anos, partiram com o a sua bebé de três meses, Angeline, no carro de Paiporta para Valência, para tentar fugir às cheias, mas a água impediu-os. O carro foi arrastado pela corrente.

O carro começou a flutuar. Conseguimos prendê-lo a um poste de sinalização, tentei sair pela janela, porque a altura da água já era de um metro e meio, mas a força era brutal. Tentei levar o carro para uma rotunda, mas não consegui”, relatou Antonio Tarazona ao El País.

"A Lourdes e a bebé ficaram no carro. Estava parado, mas a corrente começou a arrastá-lo e a última coisa que vi foi a minha mulher a pedir ajuda"

Conseguiu trepar uma vedação e tentou chegar até eles, mas a corrente não deixou: “Era impossível”.

"A Lourdes e a bebé ficaram no carro. Estava parado, mas a corrente começou a arrastá-lo e a última coisa que vi foi a minha mulher a pedir ajuda do tejadilho do carro”.

Antonio acabou por ser resgatado pela Proteção Civil e passou a noite num pavilhão de um abrigo, em Valência, na esperança de que a mulher e a filha fossem levadas para o mesmo local. Mas às 22h00 de quarta-feira, a Guardia Civil confirmou a Tarazona a descoberta dos corpos da mulher e da filha.

Ao jornal espanhol, Tarazona confirmou que os dois corpos foram encontrados dentro do veículo.

“Que Deus nos ajude e dê esperança. Não posso fazer nada agora”.

“Pediu-me que cuidasse dos seus outros dois filhos”

Sabe-se que às 20h50 de terça-feira, Lourdes telefonou à amiga Clara Andrès.

“Disse-me que iria aguentar o mais que pudesse e pediu-me que cuidasse dos seus outros dois filhos”, relatou Clara ao jornal espanhol El Mundo.

As crianças, Sofia, de 10 anos, e Bajix, de 13, acabaram por passar essa noite sozinhas em casa, sem luz, nem telefone.

"A corrente arrancou-me a roupa." Histórias de quem sobreviveu às cheias em Espanha

A tempestade já fez mais de 150 mortos e há um número indefinido de desaparecidos. Esta quinta-feira, foram retomadas as operações de resgate em Valência.

No terreno estão milhares de membros da Unidade de Emergência Militar, além de Guardas Civis, bombeiros e policiais.

Em apenas um dia choveu o equivalente ao normal num ano inteiro na região de Valência, cerca de 500 mm.

A Agência Meteorológica Espanhola (AEMET) lançou esta quinta-feira um alerta: "A DANA [‘depresión aislada en niveles altos’] continua sobre Espanha. Estão a ocorrer tempestades muito intensas, ontem na Andaluzia, hoje [quinta-feira] em Castellón. Vamos continuar assim durante grande parte da semana”.

“Não só continua a chover, mas muitos recursos estão direcionados para as emergências em Valência. É necessário agir com bom senso e seguir as instruções das autoridades, polícia e bombeiros”.

A depressão isolada a níveis altos (DINA, em português) é um fenómeno meteorológico que acontece todos os anos na região mediterrânea da Península Ibérica.

No ano passado, o mesmo fenómeno fez oito mortes no início de setembro, atingindo 28 distritos espanhóis.

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