Os pais de um atirador de uma escola do Michigan, nos Estados Unidos, que matou quatro estudantes, em novembro de 2021, foram condenados por homicídio involuntário, esta terça-feira, a penas entre 10 e 15 anos de prisão.
Jennifer e James Crumbley, pais de Ethan Crumbley, foram condenados depois de vários pais das vítimas terem prestado declarações num tribunal do condado de Oakland em Pontiac, Michigan.
"Não foi só o vosso filho que matou a minha filha, mas vocês também", disse Nicole Beausoleil, mãe de uma das vítimas.
A 15 de março, o tribunal considerou o pai culpado por ter ignorado as necessidades de saúde mental do seu filho, de 15 anos, e por lhe ter comprado a arma semiautomática que utilizou no ataque ao Oxford High School. A sua mulher também foi condenada pelas mesmas acusações.
O caso remota a 2021, quando Ethan Crumbley levou uma pistola semiautomática para a escola e matou quatro colegas. O jovem declarou-se culpado e foi condenado a prisão perpétua sem possibilidade de ser libertado.
Os procuradores nos julgamentos dos Crumbleys consideraram que os pais foram criminalmente negligentes. No julgamento do pai, a procuradora Karen McDonald considerou o ataque "evitável e previsível" e defendeu que James Crumbley não tomou as medidas mínimas para garantir que o filho não constituía uma ameaça, depois de lhe oferecer uma pistola semiautomática como presente, dias antes do ataque.
Os procuradores também acusaram os pais de não terem feito o suficiente para lidar com o declínio da saúde mental do filho, relatando que, na manhã do dia do tiroteio, os dois pais participaram e abandonaram uma reunião escolar sobre desenhos perturbadores que o jovem teria feito, recusando-se a levá-lo para casa.
A reunião deu-se depois de um professor ter descoberto desenhos de Ethan Crumbley retratando uma arma, uma bala e uma figura a sangrar ao lado das palavras "Sangue por toda parte", "A minha vida é inútil" e "Os pensamentos não vão parar - ajudem-me".
Perante a recusa dos pais de o levarem para casa, os funcionários terão enviado o jovem de volta para as aulas.
"Costumávamos dizer que tínhamos o filho perfeito"
Em declarações ao tribunal antes de conhecer a sentença, Jennifer Crumbley expressou a sua "mais profunda tristeza" e disse que não fazia ideia de que o seu filho era capaz de matar.
"O meu marido e eu costumávamos dizer que tínhamos o filho perfeito. Eu acreditava mesmo nisso", confessou a mãe. "Não tinha motivos para fazer algo diferente. Isto não é algo que eu tenha previsto", acrescentou.
"Vou ficar na minha própria prisão interna para o resto da vida", disse, citando várias vezes os nomes das vítimas do filho. "Se há alguma coisa que o público em geral pode tirar daqui, é que isto também vos pode acontecer."
"Lamento a vossa perda em consequência do que o meu filho fez. O meu coração está com cada um de vós", disse o pai, dirigindo-se ao Tribunal e às famílias das vítimas.
Ao proferir as sentenças, a juíza Cheryl Matthews assegurou que as condenações não tinham que ver com má educação, mas que James Crumbley era responsável pelo "acesso sem restrições" do filho à arma do crime e que Jennifer Crumbley glorificava as armas.
Esta é a primeira vez que os pais de um atirador em massa são responsabilizados criminalmente.