Os pais de um dos sete funcionários humanitários que morreram, na segunda-feira, após um ataque israelita em Gaza falam com a imprensa norte-americana.
Os familiares de Jacob Flickinger explicaram à CBS News que ainda estavam à espera de mais informação dos governos dos Estados Unidos e do Canadá. Flickinger, de 33 anos, tem dupla nacionalidade e perdeu a vida depois de um ataque que Telavive considerou “um erro grave”. Para além de Flickinger morreram outros seis funcionários da organização World Central Kitchen – que tinham nacionalidade palestiniana, britânica, polaca e australiana.
"Nem o governo dos Estados Unidos, nem o do Canadá nos disseram alguma coisa", explicou o pai da vítima, referindo que "tudo aquilo" que sabem é através dos meios de comunicação social. Apesar de estas mortes terem sido difundidas por todo o mundo, e condenadas pela comunidade, os familiares contam que a última atualização sobre a morte do filho que tiveram veio no dia em que esta aconteceu, através da embaixada em Jerusalém.
Morte de funcionários de ajuda humanitária em Gaza "é uma tragédia"
A organização não governamental (ONG) World Central Kitchen disse que a morte de quatro trabalhadores internacionais de ajuda humanitária num aparente ataque aéreo israelita na Faixa de Gaza "é uma tragédia".
Lusa | 06:18 - 02/04/2024
O pai de Flickinger desconfiam ainda de que se tenha tratado de um "acidente", tal como Telavive se apressou a justificar. "Eles sabiam, o mundo todo sabia, que este carregamento de comida estava a acontecer. Foi notícia durante dias. Sabiam que os alimentos eram recolhidos no navio na costa de Gaza e entregues num armazém ao longo de uma rota humanitária aprovada por Israel. Pouco depois de terem deixado a comida, sabemos que foram alvo. A escolta estava claramente marcado. Os veículos estavam claramente marcados. Os factos no terreno parecem indicar que não se tratou de um 'trágico acidente'", defendeu o pai, John Flickinger.
Do not look away!
News has just come out of 1 of the aid workers who was American, his name was Jacob Flickinger
That man had a young family and his wife and baby are now traumatised for life!
The most infuriating thing is they are gonna do their best to brush this under the… pic.twitter.com/Hek3Q3I3qB
"Se foi um terrível acidente, vamos dar o benefício da dúvida. Se assim for, o exército israelita é extremamente incompetente. E os líderes que estão à frente desta campanha são incompetentes porque esta não é a primeira escolta ou grupo que morreu acidentalmente", apontou.
🇺🇸🇮🇱 ISRAEL MURDERED US military veteran Jacob Flickinger in the bombing of foreign aid volunteers in Gaza.
Why is Biden still sending ISRAEL BOMBS? pic.twitter.com/J3iL1WWP7G
A mãe de Jacob descreveu o homem, que morreu aos 33 anos, como "um ser humano excecionalmente bom" e que era apaixonado por aquilo que fazia. O homem terá ainda hesitado em ir para Gaza, dado que era casado e tinha um filho agora com 18 meses, mas sentiu que era a sua responsabilidade ir. Já não era a sua primeira missão, tendo já estado no México depois de um furacão devastador, explica a CBS News.
"Nunca seríamos capazes de colocar um travão na sua paixão [de ajudar pessoas]. Era onde ele tinha o seu coração. E ele deu tudo, até ao fim", explicou a mãe, Sylvia Labrecque.
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