PALAVRAS À SORTE | A minha seleção é a seleção

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«Palavras à Sorte» é a rubrica diária dos jornalistas do zerozero durante o Euro 2024. Todos os dias, na Alemanha ou na redação, escrevemos um apontamento pessoal sobre a competição e todas as sensações que ela nos suscita.

Tal como a larga maioria dos adeptos de Desporto e Futebol, cresci com aquele típico entusiasmo de um jovem que espera incessantemente pelos verões de Europeus, Mundiais ou Jogos Olímpicos – que bom é ter tanto desporto, não é verdade?

Ao contrário de muita gente, sinto o futebol de seleções mais do o futebol de clubes, nos dias que correm. Embora respeite e perceba, porque a vivência com essa realidade é constante ao longo de todas as épocas, em vez de ser algo esporádico, nunca gostei muito de ouvir quem diga que «a minha seleção é (inserir nome de clube).»

Afinal, quantas vezes têm oportunidade de se juntarem aos vossos amigos e colegas de diferentes clubes e realidades e sentir afincadamente um jogo em conjunto? Há coisa mais bonita do que darmos o braço a esses mesmos amigos e cantarmos o hino? Ou celebrarmos o golo de um jogador que, em situações normais, nunca celebraríamos durante a época de clubes?

Neste Europeu, infelizmente, ficaremos a ver a final com um sentimento bastante diferente, mas nunca me esquecerei como, naquela tarde quente de 10 de julho de 2016, me juntei a dezenas de milhares de portugueses no Parque Eduardo VII, em Lisboa, e roí as unhas (metaforicamente) por mais de 120 minutos.

Nunca esquecerei como festejámos em uníssono cada uma das muitas defesas do Rui Patrício, os cortes do Pepe, as investidas do Quaresma, após a saída desesperante de Cristiano Ronaldo e o som daquele suspiro coletivo daquela bola ao poste nos descontos.

Nunca esquecerei como, chegado o minuto 109, atirámos cachecóis, chapéus, copos e tudo o que tínhamos à mão para celebrar e dei por mim a abraçar um completo estranho para festejar o surgimento de um novo herói nacional improvável.

Não é um sentimento bonito?

Infelizmente, era demasiado novo para ter memórias vividas do Euro 2004, além de escassas imagens, via televisão, dos penáltis do Ricardo e daquele horrendo cabeceamento do Charisteas, mas tenho a certeza que quem o viveu intensamente, perceberá o que tento explicar deste amor pela camisola da seleção e união por algo tão banal, e ao mesmo tempo tão bonito, como uma bola de futebol a rolar num manto verde.

Não sei se «Football is coming Home» ou se fica aqui na casa do lado este ano, mas sei que estou ansioso para ver quem seguirá as pisadas do nosso Éderzito, de Iniesta, Gotze ou até de nomes mais internacionais, como Ochoa ou Tshabalala – aquele festejo ainda hoje me faz sorrir.

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