Palestina: China patrocina reconciliação entre as diversas fações palestinianas

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Quase 20 anos depois de terem entrado em violento conflito interno, Hamas e Fatah sentaram-se em Pequim, sob os auspícios de Xi Jinping. A china avança com uma agende em três fases para encontrar uma solução para a Palestina.

Mahmoud al-Aloul, vice-presidente do Comité Central da Fatah, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e Mussa Abu Marzuk, membro do Hamas, participam esta terça-feira num encontro em Pequim que tinha o intuito de promover o estabelecimento de um “governo interino de reconciliação nacional” para governar Gaza após a guerra, adianta a Al jazeera.

As organizações palestinianas assinaram um acordo de “unidade nacional” com o objetivo de manter o controlo sobre o enclave de Gaza assim que a guerra de Israel terminar – servindo isso de alternativa à vontade do governo israelita de manter o controlo apertado sobre o território – que não lhe pertence.

O acordo, finalizado na terça-feira na China após três dias de intensas negociações, estabelece as bases para um “governo interino de reconciliação nacional” para governar Gaza no pós-guerra, disse o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, citado pela referida fonte. O acordo foi assinado pelos rivais de longa data Hamas e Fatah, além de outros 12 grupos palestinianos – no que é considerado um primeiro passo para a reconciliação entre as duas organizações que, na sequência das eleições de 2006. À época, o Hamas ganhou as eleições mas desentendimentos com a Autoridade Palestiniana (controlada pela Fatah, originalmente o partido de Yasser Arafat) acabaram num violento conflito entre ambos. O Hamas passou a controla a Faixa de Gaza – tendo suprimido a oposição da Fatah, sendo esta – e a Autoridade Palestiniana reservou-se à Cisjordânia. O entendimento entre os dois grupos não mais foi pacífico, mas a guerra que Israel desenvolveu a partir de outubro passado acabou por aproximá-los.

“Hoje assinámos um acordo de unidade nacional e dizemos que o caminho para completar esta jornada é a unidade nacional”, disse Mousa Abu Marzouk, do Hamas em conferência de imprensa em Pequim. Mustafa Barghouti, secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina, uma das 14 fações a assinar o acordo, disse à Al Jazeera que o acordo vai “muito mais longe” que qualquer outro alcançado nos últimos anos. Os quatro principais elementos são o estabelecimento de um governo de unidade nacional interino, a formação de uma liderança palestiniana unificada antes de eleições, a eleição livre de um novo Conselho Nacional Palestiniano e uma declaração geral de unidade perante os ataques israelitas. O movimento em direção a um governo de unidade é especialmente importante, disse, porque “bloqueia os esforços israelitas para criar algum tipo de estrutura colaborativa contra os interesses palestinianos”. O futuro que Israel quer para Gaza – que não passa pelo estabelecimento de dois países na região – é nebuloso, até porque o governo liderado por Benjamin Netanyahu nunca foi claro sobre a matéria. Mas a comunidade internacional sabe que os israelitas dificilmente deixarão o território – ao mesmo tempo que, já com a guerra no ativo, continuaram a estender os colonatos na Cisjordânia.

Na conferência de imprensa, a porta-voz da chancelaria chinesa, Mao Ning, disse que, a convite da China, os representantes de alto nível de 14 fações palestinianas tiveram um diálogo de reconciliação. Segundo a porta-voz, citada pela imprensa chinesa, trata-se da primeira vez que estas 14 fações se reúnem para um diálogo de reconciliação. Como disse o ministro Wang Yi, o consenso mais importante deste diálogo é alcançar uma grande reconciliação e unidade entre todas as fações. Do encontro, resulta a identificação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) como único representante legítimo do povo palestiniano e um apelo à criação de um Estado independente, de acordo com as resoluções das Nações Unidas.

Wang Yi propôs uma abordagem de três passos para resolver a questão palestiniana: promover um cessar-fogo abrangente e duradouro na Faixa de Gaza; defender o princípio de os palestinianos governando a Palestina (Gaza e a Cisjordânia; e exigir a entrada da Palestina para membro pleno das Nações Unidas. A China está historicamente próxima da causa palestiniana e apoia a solução de dois Estados. Segundo a Al Jazeera, o presidente chinês, Xi Jinping, pediu a realização de uma “conferência internacional de paz” para acabar com a guerra na Palestina. Depois da ‘vitória’ no Médio Oriente – com a mediação das relações entre a Arábia Saudita e o Irão – Pequim tenta marcar mais pontos na concorrida frente da diplomacia internacional.

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