Uma organização que investiga homicídios de jornalistas na região explicou que as mortes podem estar relacionadas com investigações e trabalhos feitos pelos jornalistas. Adil Jawab, que faz parte da organização, afirmou também que as mortes têm ocorrido em localidades pequenas em que o papel das redes sociais tem amplificado o perfil dos jornalistas.
Jawab acredita que estes crimes têm acontecido por haver um ambiente generalizado de impunidade no Paquistão.
O movimento The Freedom Network, que reclama direitos e liberdades dos jornalistas, revelou que cerca de 53 jornalistas foram mortos entre 2012 e 2022 por causa do trabalho que desenvolveram. Apenas dois casos resultaram na condenação dos culpados.
O jornalismo protagonizado pelos cidadãos tem um papel cada vez maior no Paquistão, sendo alimentado pelo crescimento das redes sociais e o número crescente de restrições colocadas aos meios de comunicação tradicionais.
Muitas pessoas tentam utilizar as redes como um veículo para revelar problemas de justiça e a corrupção nas elites paquistanesas.
Em Maio, Nasrullah Gadani, uma jornalista conhecida pelo trabalho sobre políticos locais e proprietários de grandes terras, foi morta no distrito de Badin, o que deu origem a uma onda de protestos. O irmão de Gadani acusou um dos políticos da região de ter sido o mandante do homicídio.
Três dias depois, outro jornalista foi morto no distrito de Khyber Pakhtunkhwa.
O responsável pela Federação Internacional de Jornalistas, Anthony Bellanger, disse há pouco tempo que o Paquistão deve respeitar o direito constitucional à liberdade de expressão.
“Jornalistas e profissionais dos media têm um direito constitucional de liberdade de expressão, mas este tem sido minado por ataques e homicídios. As autoridades têm de assegurar a liberdade dos meios de comunicação e que as mortes sejam objeto de investigações minuciosas e transparentes”.
O Paquistão encontra-se na 152ª posição no ranking da liberdade de imprensa em todo o mundo, realizado pelo grupo Repórteres Sem Fronteiras.
A lista aponta ainda o país como um dos mais perigosos para jornalistas, com casos de homicídios ligados a corrupção ou tráfico ilegal.