Para cumprir metas de emissões a Stellantis vai cortar na produção de carros a combustão

6 horas atrás 22

O incumprimento das metas de emissões estipuladas para 2025 implica o pagamento de pesadas multas. Este é o plano da Stellantis para as evitar.

A Stellantis vai cortar na produção de carros com motores de combustão interna no próximo ano para cumprir as metas de emissões de CO2 para 2025 e evitar multas.

Jean-Philippe Imparato, ex-CEO da Alfa Romeo e recentemente nomeado diretor de operações (COO) da Stellantis para a Europa, indicou que estes cortes poderão começar já no dia 1 de novembro.

Durante o Salão de Paris, o COO já tinha alertado que o grupo precisava de duplicar a quota de elétricos para 24% das vendas totais, para alcançar as metas de emissões para 2025. Se a procura por elétricos se mantiver nos níveis atuais, a única maneira de alcançar este objetivo e evitar as multas será reduzir a produção de automóveis a combustão.

Linha de produção Mangualde© Stellantis Linha de produção na fábrica da Stellantis

O que está em causa?

O caminho para a redução das emissões de CO2 em 100% até 2035 na União Europeia (UE) vai-se fazer por etapas e a próxima é em 2025. No final do próximo ano as emissões médias das vendas de automóveis novos terão de descer das 115,1 g/km em 2024 para apenas 93,6 g/km (ciclo WLTP).

O incumprimento das metas incorre numa multa de 95 euros por carro e por grama acima do estipulado. Não é difícil o valor escalar para largos milhares de milhões de euros. Luca de Meo, diretor-executivo do Grupo Renault e presidente da ACEA, estima o pagamento de 15 mil milhões de euros em multas pela indústria automóvel europeia. A alternativa, diz de Meo, é a indústria desistir da produção de mais de 2,5 milhões de veículos.

Não admira que nos últimos tempos tenham sido vários na indústria a apelar ao adiamento dessas metas, que só serão possíveis de atingir caso a quota de elétricos no mercado suba para valores entre os 20% e os 25%. Em agosto, esse valor era inferior a 13%.

Até agora, apesar de ser um dos grupos em risco de incumprimento, a Stellantis tem-se oposto firmemente ao adiamento das metas de emissões: “seria surreal alterar as regras agora”.

“Retardar a transição serve apenas para prolongar o tempo em que temos de duplicar os custos, por culpa da diversidade tecnológica. E isso é impossível de gerir.”

Carlos Tavares, CEO da Stellantis

Para atingir as metas propostas, além de cortar na produção de automóveis a combustão, o grupo tem mais «trunfos na manga». A joint venture com a chinesa Leapmotor, da qual tem o controlo maioritário, vai permitir que a venda desses elétricos sejam incluídas no cálculo das emissões do grupo.

Embora Imparato tenha recusado divulgar as metas de vendas da Leapmotor para 2025, este avançou que a venda combinada de elétricos da Leapmotor e da Stellantis deverá atingir 20% do total das vendas do grupo no continente europeu.

Ainda assim não é suficiente. O diretor de operações mencionou outras medidas para aumentar a proporção de vendas de elétricos, de modo a também reduzir o impacto no corte de produção de modelos a combustão.

Entre elas estão medidas como incentivos aos concessionários, ajustes no preço dos automóveis a combustão e a definição de objetivos de vendas adaptados a cada mercado. Neste último caso, por exemplo, Imparato refere que não pode exigir 20% de vendas de elétricos em Espanha e Itália, onde a quota de elétricos no mercado é de apenas 5%. Por outro lado, isso significa que noutros mercados, como os Países Baixos, essa parcela poderá ter de atingir os 50%, onde os elétricos atingem uma quota de mercado superior a 31%.

Desafios

Contudo os cortes na produção de veículos a combustão podem trazer novos desafios para o grupo, que tem tido um 2024 difícil.

Os resultados do terceiro trimestre (julho-setembro) do ano já foram divulgados e não são positivos. As entregas baixaram 17% relativamente a 2023, que a Stellantis justifica com o atraso da chegada de modelos cruciais ao mercado como o novo Citroën C3.

Além disso, vimos a Stellantis interromper a produção do FIAT 500e em setembro, que foi prolongada até ao próximo dia 1 de novembro. Também a produção do FIAT Panda está a sofrer suspensões temporárias de alguns dias, havendo mais linhas de produção na mesma situação.

Fonte: Automotive News Europe

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