Parlamento russo discute confisco de bens de críticos das Forças Armadas

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A crítica pública às Forças Armadas da Rússia é considerada ilegal desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. E milhares de opositores da “operação militar especial” – fórmula que o Kremlin continua a empregar – foram desde então detidos.

O presidente da Duma veio este sábado anunciar que os deputados russos começam a discutir na próxima semana um projeto de lei destinado a robustecer a repressão de tais manifestações. “Quem tentar destruir a Rússia e traí-la deve receber o castigo que merece e compensar os danos causados ao país com os seus bens”, escreveu Vyacheslav Volodin na plataforma de mensagens Telegram.

A via do confisco, insistiu Volodin, tem por objetivo punir “crápulas” que “sujem o país, os soldados e os oficiais que participam na operação militar especial”.A acusação de “falsas informações” sobre as tropas é já punida, na Rússia de Putin, com penas de até 15 anos de prisão. Na passada quinta-feira, um ativista russo dos Direitos Humanos foi condenado a três anos de cadeia por ter alegadamente “desacreditado” as Forças Armadas.

Este sábado, em Moscovo, a mulher de um soldado russo protagonizou um apelo emocionado na sede da campanha presidencial de Vladimir Putin, em defesa do regresso do marido, destacado para a guerra na Ucrânia.

“Vladimir Vladimirovich Putin emitiu um decreto segundo o qual o meu marido tem que ficar ali. Estou interessada em saber quando é que ele vai emitir um decreto para que o meu marido tenha de ficar em casa”, clamou Maria Andreyeva.

Confrontada por uma apoiante do presidente, Andreyeva questionou: “Então o que se segue? O Ministério da Defesa gastou o seu dinheiro e agora temos de espremer tudo dos nossos homens, tirar-lhes o que lhes resta de vida, para que regressem apenas como cotos?”.

“Vão dar-me o coto? O que é que eu vou ter de volta? Um homem sem pernas, sem braços, um homem doente? Não sabem o que está a acontecer lá?”, insistiu.

O raro episódio de crítica aberta à política bélica do Kremlin marcou a deslocação de uma delegação da organização Caminho para Casa, que junta mulheres de soldados.

c/ AFP e Reuters

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