Partido conservador francês considera reunião com Macron uma "deceção"

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"Uma reunião dececionante", resumiu o líder dos Republicanos na Assembleia Nacional, Laurent Wauquiez, à saída do Eliseu, após o diálogo com o Presidente francês que durou cerca de uma hora e meia, acrescentando que viu Macron sem "nenhuma posição nova" e "nenhuma visão" para o futuro.

"Dissemos ao Presidente para assumir finalmente as suas responsabilidades e nomear um primeiro-ministro sem perder mais tempo", disse Laurent Wauquiez aos jornalistas, acompanhado por outros representantes republicanos.

Laurent Wauquiez insistiu que "a pergunta a que o Presidente não está a responder é: um governo para fazer o quê? (...) Que medidas quer que o governo tome", referindo que o seu partido é "o único partido da oposição que tem mantido uma oposição construtiva".

Por essa razão, o líder conservador quer que Macron se "comprometa" com as propostas do "pacto legislativo em torno de várias prioridades" apresentado pela direita, como a segurança, "mais firmeza em relação à imigração", mais controlo sobre a utilização dos dinheiros públicos, nenhum aumento de impostos e uma reavaliação dos salários.

Também o presidente do grupo no Senado, Bruno Retailleau, sublinhou "a gravidade da situação", "sem precedentes desde o final da Segunda Guerra Mundial", com um governo demissionário há quase dois meses.

Bruno Retailleau afirmou ainda que, para os líderes do partido, este processo de consulta política "não é uma corrida para o cargo, é para ver o que o Presidente quer fazer".

Já a deputada Annie Genevard reiterou a abertura do partido conservador para "trabalhar em conjunto com o futuro governo" com base nas "prioridades" estabelecidas.

"Não seremos agentes de impasse para o país, o país precisa de avançar e nós queremos fazer parte desse processo", acrescentou Genevard.

Esta reunião surge após a de terça-feira com o líder centrista François Bayrou e com os líderes do grupo parlamentar LIOT, que reúne 22 deputados centristas, regionalistas e nacionalistas independentes da Assembleia Nacional.

Para a nova ronda de consultas para formar governo, Macron não convocou nem o partido de extrema-direita União Nacional (RN, sigla em francês), de Marine Le Pen, nem a esquerda radical França Insubmissa (LFI), de Jean-Luc Mélenchon.

Após a recusa de Macron em nomear a candidata de esquerda Lucie Castets como primeira-ministra, os partidos que, juntamente com a LFI, formam a Nova Frente Popular (NFP), os socialistas, comunistas e ecologistas recusaram-se a reunir novamente com o chefe de Estado francês.

O ex-presidente François Hollande acusou hoje Macron de ter cometido "uma falha institucional" ao não nomear Lucie Castets como primeira-ministra, numa entrevista publicada pelo semanário Le Point.

"Não cabia ao próprio Presidente `censurar` Lucie Castets", afirmou o atual deputado socialista, acrescentando que essa tarefa "cabe à Assembleia Nacional".

Segundo o jornal Le Monde, François Hollande, enquanto antigo chefe de Estado francês (2012--2017), poderá ser uma das "personalidades" que Macron deverá ainda consultar antes de nomear um novo governo para o país.

A nomeação de um primeiro-ministro não parece iminente, uma vez que o Presidente francês deverá partipar na cerimónia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris hoje à tarde, antes de partir para uma visita à Sérvia na quinta e sexta-feira.

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