Partidos moçambicanos exigem investigação sobre ligações a golpe frustrado na RDCongo

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Nos discursos de encerramento da nona sessão da Assembleia da República, a oposição alertou ainda que as suspeitas mancham a reputação do país.

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, e Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, reagiram às alegações de que líderes do grupo que tentou derrubar o Governo da RDCongo têm interesses económicos em Moçambique.

"Somos de opinião de que nada melhor do que as investigações que estão a ser levadas a cabo pelas autoridades congolesas para a apuração dos factos", argumentou, contudo, o chefe da bancada parlamentar da Frelimo, Sérgio Pantie.

O chefe da bancada da força política no poder condenou a tentativa de golpe de Estado e criticou o alegado aproveitamento político nas alegações de que há moçambicanos, com ligações ao partido no poder, que tinham contacto com os cabecilhas da abortada ação golpista.

Já a bancada da Renamo defendeu que as autoridades moçambicanas devem dar explicações sobre as suspeitas relacionadas com estas relações.

"Exigimos que as autoridades moçambicanas deem explicações sobre os contornos" das alegações, porque prejudicam a imagem do país, afirmou o chefe da bancada do principal partido da oposição, Viana Magalhães.

O grupo parlamentar do MDM também apelou a uma averiguação: "condenamos a tentativa de golpe de Estado (...). Os mentores desta tentativa do golpe de Estado têm determinados vínculos com Moçambique, como tem sido reportado pelos órgãos de comunicação social", declarou o chefe da bancada parlamentar do MDM, Lutero Simango.

O "grupo [envolvido na tentativa de afastamento do Governo da RDCongo] tem desenvolvido atividades económicas, minerais e empresariais" em Moçambique e feito "doações a certas fundações Moçambicanas", sublinhou.

Na quinta-feira, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, condenou a tentativa de golpe de Estado na RDCongo, defendendo que os autores devem ser responsabilizados.

"Enquanto condenamos categórica e veementemente qualquer ato ou tentativa de mudar inconstitucionalmente um Governo eleito democraticamente, saudamos as Forças de Defesa e Segurança congolesas pela resposta rápida e decisiva que abortou a tentativa de golpe de estado, neutralizando ou aprisionando os seus autores", referiu Filipe Nyusi, numa mensagem divulgada hoje pela Presidência moçambicana.

Dezenas de atacantes invadiram às primeiras horas de domingo as residências do Presidente da RDCongo e do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, numa tentativa de golpe de Estado, rapidamente travada pelo exército congolês.

Três dos alegados envolvidos na tentativa de golpe de Estado, incluindo o congolês Christian Malanga, que liderou o movimento, aparecem em registos oficiais como detentores, desde 2022, de empresas com sede em Moçambique.

O primeiro-ministro moçambicano, Adriano Maleiane, tinha já condenado, na quarta-feira, a tentativa de golpe de Estado, desvalorizando o facto de três dos supostos golpistas terem empresas registadas em Moçambique: "O país tem muitos investidores e muitos investimentos, mas nós não andamos a acompanhar a vida particular dos investidores", disse aos jornalistas.

Questionado pela imprensa local sobre supostas fotografias em que os alegados golpistas aparecem ao lado de figuras proeminentes do país ligadas ao partido no poder, Maleiane disse não ser "assunto do Governo".

O Instituto Nacional de Minas disse que as três pessoas entre os envolvidos na suposta tentativa de golpe de Estado na RDCongo e que são apontadas como proprietárias de empresas em Moçambique não constam do cadastro mineiro, admitindo, no entanto, que as empresas em causa estão registadas no país, embora não como operadoras mineiras.

A tentativa de golpe de Estado foi liderada pelo ativista da diáspora congolesa nos Estados Unidos Christian Malanga, morto pelas Forças Armadas da RDCongo, depois de invadir o Palácio da Nação, a residência presidencial.

Três norte-americanos alegadamente envolvidos na tentativa, incluindo os dois sócios da Bantu Mining Company, foram capturados pelo exército congolês.

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