«Paulo Fonseca e Luís Castro mandaram o Mudryk para trás»

4 meses atrás 106

Em Matosinhos, no terceiro dia da sexta edição do Fórum Internacional da Quarentena da Bola - espaço de debate criado por Rémulo Marques, antigo jornalista e diretor desportivo com passagens por Boavista, Fafe, FC Zimbru, Leixões e Camacha -, a terceira sessão ficou marcada pela mesa redonda de Luís Dias - consultor técnico na FPF -, Fernando Valente - técnico do Arema -, Sérgio Ribeiro - coordenador técnico da AF Porto - e André da Silva - diretor geral de futebol do Leça.

Com a presença exclusiva do zerozero como media partner, o tema predominante foi a identificação de talento e a formação. Com uma visão detalhada do processo, os quatro elementos da mesa redonda expuseram os seus pontos de vista e partilharam algumas experiências.

Luís Dias: «Quando comecei no processo de observação, todos os jovens jogadores já tinham uma enorme capacidade de resiliência, uma vez que jogavam em campos pelados. Hoje em dia, as condições são muito melhores e faz com que haja igualdade, mas também faz com que, apenas mais tarde, iremos perceber e identificar um jogador com valentia e resiliência. Os que chegam mais longe, são os mais capazes de dizer 'não' a 'solicitações', como por exemplo festas ou outros eventos.»

Fernando Valente: «A minha experiência no Shakhtar Donetsk foi a que me mais marcou. Encontrei muito talento. Mudryk, Sudakov. Mas também vi muito talento desperdiçado... E o caso do Mudryk é curioso. O Paulo Fonseca e o Luis Castro mandaram-no para trás, e não foi por falta de vontade, mas pelas expectativas em torno dele. Ele era um hard worker - às vezes até o tinhamos de conter -, mas ele precisava de perceber que não há nenhum talento que não precisa da equipa. Nem o Messi. Ele tinha de perceber o que poderia fazer pelos outros. Depois, Mudryk lidou com um técnico maluco, o De Zerbi, e a partir daí começou a partir tudo.»

Sérgio Ribeiro: «O mercado está muito controlado por quem tem um bom empresário. E isto influencia muito nos miúdos. Assim como os aspetos mais sociais, como a família, expectativas familiares, namoradas, etc. E nós treinadores também temos culpas, claro. Devemos refletir sobre as nossas práticas.»

André da Silva: «Eu vejo talento em todo o lado. O que sentimos, eu e a direção da SAD do Leça, é: há muito talento que passa despercebido na distrital ou na Segunda Liga e depois brilha na Primeira Liga. Há muita preguiça e pouca disponibilidade para observar em escalões inferiores. Os clubes pouca filosofia têm... Nós [no Leça] temos uma equipa multifacetada, para trabalhar os números e para observar a 'olho humano'. Tem de haver a validação dos dois departamentos.»

Ler artigo completo