Paulo Rangel sobre as eleições na Venezuela: “Só há legitimidade se houver transparência”

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29 jul, 2024 - 10:37 • João Carlos Malta , Vítor Mesquita

O ministro dos Negócios Estrangeiros quer que haja uma verificação independente dos resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições venezuelana.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, pede esta segunda-feira que haja uma verificação independente aos resultados das eleições na Venezuela, para que estes sejam aceites por todas as partes envolvidas.

Só há legitimidade se houver transparência e para que os resultados sejam aceites como legítimos, apelamos no fundo a que eles sejam verificados”, disse Paulo Rangel à Renascença.

O ministro dos Negócios Estrangeiros afirma que este “corresponde a um pedido da quase generalidade da comunidade Internacional, sempre num espírito de diálogo, num espírito em que as partes tenham sentido democrático, de forma que não haja tensões”.

Sem motivos para dramatização

O governante diz que só assim se promoverá “esta capacidade de aceitação dos resultados” e isso sucederá “mediante uma verificação que os torne aceitáveis para todos e se possa garantir a equidade democrática”.

Em relação à comunidade portuguesa a viver no país, Rangel acredita que “não há nenhum motivo para especulações ou dramatizações neste momento”.

No entanto, considera que “numa situação eleitoral com esta relevância que suscitou a atenção de todos os média internacionais”, os consulados da embaixada e nomeadamente a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas acompanha “com redobrado empenho e interesse” o que se passa na Venezuela.

“Isso faz parte daquilo que eu diria a vida normal do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Mas sinceramente, até ao momento. aquilo que temos a dizer é que a situação não merece nenhum destaque particular, até ao momento, em termos de comunidade portuguesa”, argumenta Rangel.

Reações aos resultados

As reações à vitória de Nicolas Maduro, para um terceiro mandato à frente dos destinos da Venezuela, não poderia causar reações mais extremadas. Por um lado, a oposição ao chavismo e vários países que se antagonizam com Maduro alegam a possibilidade de fraude, nas eleições de domingo, enquanto os aliados do líder venezuelano o felicitam pela vitória.

A oposição afirma que as contagens de votos recebidas, bem como as sondagens à boca das urnas e as contagens rápidas, mostravam que González tinha uma vantagem de 40 pontos percentuais sobre o acual presidente.

Os partidos da oposição uniram-se em apoio de González numa tentativa de destituir o presidente Maduro, após 11 anos no poder.

As dúvidas em relação à fiabilidade dos resultados alargaram-se a alguns países da comunidade internacional. Nos Estados Unidos da América, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, foi um dos que manifestou desconfiança depois de o resultado ter sido anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral, um órgão dominado por apoiantes do chavismo.

Afirmou que os EUA têm “sérias preocupações de que o resultado declarado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”.

Nicolás Maduro vence as eleições na Venezuela

Na América Latina, o presidente chileno, Gabriel Boric, também pensa que o resultado é “difícil de acreditar”.

Boric exigiu “ total transparência das atas e do processo, e que os observadores internacionais não comprometidos com o governo prestem contas pela veracidade dos resultados”.

Mas não foram só críticas que Maduro ouviu no pós-eleições. A China felicitou-o, esta segunda-feira, pela sua reeleição.

"A China felicita a Venezuela por realizar sem problemas as eleições presidenciais e felicita o presidente Maduro pela sua reeleição bem sucedida", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, num briefing regular.

A China está pronta para enriquecer a parceria estratégica e beneficiar melhor os povos de ambos os países", disse.O Irão também felicitou Maduro.

Por seu lado, o presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, disse que “a dignidade e a bravura do povo venezuelano triunfaram sobre a pressão e a manipulação”.

Maduro descreveu o resultado como “um triunfo da paz e da estabilidade” para os apoiantes em Caracas.

Vitória de Maduro. Entre a suspeição de fraude eleitoral e as felicitações dos aliados internacionais

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