PCP alerta para situação "cada vez mais grave" da população

8 meses atrás 76

Na abertura de uma interpelação ao Governo agendada pelo PCP sobre "a degradação do poder de compra dos trabalhadores e dos reformados, o agravamento das desigualdades e a injusta distribuição da riqueza", o deputado comunista Bruno Dias rejeitou a ideia de que "a inflação está a baixar".

"O que é isso da inflação a baixar? O pão ficou mais barato? Ou o leite? A renda da casa baixou, ou a conta da luz? As pessoas já podem aquecer a casa sem medo da fatura? Não! O que o novo ano trouxe, mais uma vez, foram novos aumentos de preços", afirmou, num debate em que marcaram presença os ministros da Presidência, da Economia, do Trabalho e dos Assuntos Parlamentares.

Bruno Dias referiu que o aumento dos preços está a acontecer em "todas as áreas", como nos alimentos, gás natural, eletricidade, telecomunicações ou portagens, mas destacou em particular a situação na habitação, que se tornou "ainda mais insuportável".

O deputado do PCP considerou que a valorização geral dos salários, seja no setor público como privado, e das pensões, "é a grande medida que se impõe", mas considerou que é também necessário implementar "medidas concretas para reduzir as despesas das pessoas".

"Travar o aumento das rendas, fixar e controlar os preços dos bens alimentares e diminuir o IVA das telecomunicações, do gás e eletricidade", enumerou.

Bruno Dias defendeu que estas medidas são agora "ainda mais urgentes", tendo em conta que "os problemas são cada vez mais graves" e salientou que a atual situação "não tem de continuar" e que as "coisas podem mudar se o povo quiser".

A "correlação de forças [no parlamento] precisa de mudar e mudar a favor dos que mais precisam. (...) Cá estaremos, com a força que as pessoas quiserem ter", disse.

Na resposta, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, fez um balanço do trabalho do Governo desde 2015, defendendo que o executivo tem percorrido "caminhos duros, com uma pandemia inesperada, com guerras na Europa e no mundo", mas nunca "baixou os braços" e focou-se "nas pessoas reais, do dia-a-dia".

A governante defendeu que o caminho seguido pelo Governo "tem tido resultados", apresentando estatísticas segundo as quais o executivo conseguiu "retirar da situação do risco de pobreza e exclusão cerca de 640 mil pessoas" e "220 mil crianças" desde 2015.

Ana Mendes Godinho acrescentou ainda que o Governo assumiu como missão o aumento dos rendimentos, salientando que, este mês, se verificou "o maior aumento de sempre do salário mínimo nacional", que, desde 2015, subiu "62%, crescendo acima da inflação acumulada de 18,3% no mesmo período".

"Derrubámos mitos: conseguimos aumentar salários, com equilíbrio, baixando a taxa de desemprego para metade, atingindo um número recorde de trabalhadores declarados à Segurança Social", disse.

A ministra sublinhou ainda que o compromisso coletivo de médio prazo com os parceiros sociais de valorização social garantiu que os salários médios aumentaram "cerca de 33% desde 2015" e, em 2024, esse aumento está acordado em "mais de 5% para os salários, acima da inflação prevista de 2,9%".

"Este acordo é um imperativo de sociedade e de crescimento. Não podemos deixar que alguém rasgue ou que alguém queira arrepiar este caminho", defendeu.

Para Ana Mendes Godinho, "todos os portugueses e as portugueses ficarão a perder se voltarmos aos velhos mitos, de que Portugal só se salvaria com baixos salários e de olhos postos no chão".

"Muito foi feito, mas há sempre muito a fazer neste caminho coletivo, alicerçado na convicção de que só uma sociedade que cresce em conjunto e partilha a riqueza é capaz de celebrar o 25 de Abril com orgulho. Não voltaremos atrás", concluiu.

Leia Também: Subidas dos preços das rendas na Europa abrandam no 4.º trimestre

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