PCP critica "fabricadas discordâncias" nas negociações do OE2025

2 horas atrás 24

Numa conferência de imprensa na sede nacional do PCP, de apresentação da reunião do Comité Central do partido que decorreu este fim de semana, Paulo Raimundo salientou que se está a assistir ao "agravamento do contraste entre as dificuldades da maioria da população e os lucros colossais dos principais grupos económicos".

"É esta a realidade do país, por maior que seja a propaganda de um Governo PSD/CDS que, para lá de fabricadas discordâncias, conta, nas suas opções de fundo, com o apoio e convergência do Chega e Iniciativa Liberal (IL), e com um PS que teima e alimenta expectativas em torno do Orçamento do Estado", criticou.

O líder do PCP reiterou que já se sabe que o próximo Orçamento do Estado, "tal e qual como aquele que está em vigor, vai obedecer ao programa e a opções do Governo", estará "subordinado aos interesses da União Europeia (UE)" e vai ser "um instrumento ao serviço dos interesses dos grupos económicos".

"É este o caminho que está em curso nesta fase pelas mãos do PSD/CDS, com o apoio de Chega e IL e é sobre ele que, desde logo, o PS tem de assumir as responsabilidades, com a certeza de que este rumo não serve aos trabalhadores, às populações, à juventude e ao país", disse.

Questionado se as acusações sobre as negociações orçamentais entre o Governo e o PS este domingo fazem parte dessas "fabricadas discordâncias" a que aludia, Paulo Raimundo considerou que a troca de comunicados "é para rir".

"Neste momento tão doloroso para o país, haja alguma coisa para nós rirmos. Estão aí as cartas e a troca de cartas para nos rirmos", disse, sugerindo que, quando fala em "fabricadas discordâncias", está por exemplo a aludir às exigências do PS para retirar a proposta do PSD sobre o IRS Jovem do Orçamento do Estado.

Paulo Raimundo comparou a proposta do IRS Jovem com a polémica à volta do aumento do IUC no ano passado, salientando que já se sabia que não iria ser implementada e que o seu anúncio serviu como "verdadeira lebre" para não se falar dos "cerca de oito mil milhões de euros do Serviço Nacional de Saúde (SNS) transferidos para o negócio privado da doença".

"Aquilo foi uma casca de banana porque, enquanto nós andávamos a discutir o IUC, na prática o que ia passando era a transferência de recursos públicos para os grupos económicos. Agora podemos estar perante a mesma coisa", referiu, acrescentando que não foi o PCP que definiu as linhas vermelhas do PS, que considerou serem "serviços mínimos".

"Cá estaremos para ver se o chamado IRS Jovem do PSD/CDS não vai cair como caiu o aumento do IUC, proposto pelo PS", disse.

O secretário-geral do PCP lamentou ainda que, nos últimos tempos, se tenha estado "a falar da forma, como se o Orçamento fosse uma cadeira, que tem de ser mais curta ou menos curta".

"Não é. O que temos de falar é dos conteúdos, e cá estaremos para falar dos conteúdos do Orçamento e para ver que conteúdos - não é só propostas - é que vão ser subscritos ou apoiados por outros, de forma direta ou indireta", afirmou.

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