PCP questiona Governo sobre cortes nos apoios à agricultura

3 meses atrás 45

Numa pergunta dirigida a Maria do Céu Antunes através do parlamento, o deputado do PCP João Dias refere que a conclusão da reforma da Política Agrícola Comum (PAC) para Portugal, materializada no Programa de Aplicação da PAC (PEPAC), "foi um processo conduzido à pressa, de costas voltadas para a grande maioria dos agricultores nacionais".

Para o PCP, essa reforma "não teve em conta as especificidades da agricultura portuguesa e da estrutura produtiva nacional, condenando milhares de produtores a diminuições muito significativas nos apoios a receber, mantendo-se enformada aos interesses dos grandes produtores do centro e norte da Europa".

Os comunistas referem que essa situação se vem agora a verificar, com as confederações agrícolas a denunciarem que os pagamentos das ajudas da PAC calendarizados para janeiros representam "cortes significativos para as explorações agrícolas, quase transversais a todas as intervenções, chegando nalguns casos a ser da ordem dos 25% a 30%".

"De facto, é denunciado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA), em comunicado, que 'as transferências de pilares, traduzem-se também em perdas brutais na agricultura biológica e produção integrada com o valor da ajuda a ser reduzido em 35% e 25%, respetivamente', não esquecendo os cortes nas áreas baldias elegíveis para pastoreio", refere-se.

O partido salienta que "estes cortes, que têm origem nas opções políticas que Governo, PS, PSD e CDS negociaram em Bruxelas no quadro da reforma da PAC, se somam aos brutais aumentos de preços dos fatores de produção e à estagnação dos preços pagos, desde logo pela grande distribuição".

Tornam "a situação por que estão a passar os produtores agrícolas muito preocupante, podendo conduzir ao abandono de muitas explorações", alertam.

O PCP pergunta assim à ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, "que medidas vai o Governo adotar para resolver a situação criada e impedir a redução dos rendimentos dos agricultores, particularmente dos pequenos e médios agricultores e agricultores familiares".

O partido quer também saber se o Governo pretende criar "um apoio específico por forma a garantir que os pequenos e médios agricultores que se candidataram a ajudar, nas mesmas circunstâncias do ano anterior, têm um apoio semelhante".

"Vai o Governo promover a reprogramação do PEPAC de modo que este responda às necessidades dos agricultores? Que ações vão ser tomadas no imediato para anular os cortes já verificados no apoio à agricultura?", perguntam ainda.

Na quinta-feira, a CNA defendeu que o Governo ignorou os alertas sobre "más opções políticas" no âmbito do PEPAC, estando agora os cortes a sentir-se no bolso dos agricultores.

Os pagamentos das ajudas da PAC calendarizados para janeiro confirmam "cortes significativos" para as explorações agrícolas, quase transversais a todas as intervenções, apontou.

Também a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) lamentou os cortes nos pagamentos aos agricultores, acusando o Ministério da Agricultura de incompetência devido a erros de programação.

A CAP prepara-se para denunciar o caso a Bruxelas.

Entretanto, a CNA anunciou que vai promover iniciativas regionais de protesto, incluindo marchas lentas e manifestações, pela melhoria de rendimentos no setor, numa altura em que decorrem vários bloqueios de estradas em vários países europeus. Entre as suas reivindicações, consta precisamente "a alteração do PEPAC".

Leia Também: Agricultura pode ser nova "arma de arremesso político" da extrema-direita

Todas as Notícias. Ao Minuto.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online.
Descarregue a nossa App gratuita.

Apple Store Download Google Play Download

Ler artigo completo