Pedro Nuno 'atira' contra OE (com recados aos "comentadores" do PS)

3 horas atrás 17

Chegou o fim de semana e o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, aproveitou a oportunidade para dizer o que ainda não tinha dito, aos de 'fora' e aos de 'dentro'.

Com a mira na proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), o líder socialista deixou duras críticas ao documento, não poupou a condenação ao Governo, mas pediu também ao partido para se apresentar unido, numa altura em que a divisão é clara quanto à viabilização deste OE.

Ao longo do fim de semana, Pedro Nuno Santos participou nos congressos federativos de Braga, Coimbra e Lisboa e, depois de um sábado em que abordou a troca de acusações entre Chega e o primeiro-ministro, André Ventura, para dizer que a Direita "não é de confiança", voltou à carga, desta vez sobre os esclarecimentos de Rui Rocha, líder da IL, sobre as reuniões com o Governo.

O secretário-geral do PS considerou que a IL "já não é um partido. Está transformada na guarda pretoriana do Governo e do primeiro-ministro". Pedro Nuno Santos comentava assim, no Congresso Federativo da Área Urbana de Lisboa (FAUL), que decorreu domingo, no Centro de Congressos do Estoril, uma recente entrevista de Rui Rocha à SIC Notícias, na qual o liberal disse estar "convicto" de que o Chega nunca teve uma proposta para integrar o Governo e que teve garantias do primeiro-ministro de que este iria "cumprir religiosamente o 'não é não'".

Em Coimbra, o líder socialista tinha defendendo que, em seis meses de governação, o Executivo de Luís Montenegro demonstrou que é incompetente e "não é de confiança", considerando que, "em cada momento em que foi testado, falhou".

"Passaram seis meses, o suficiente para nós percebermos que temos um Governo que vende ilusões, que apresenta PowerPoints, muito distantes do que é a dificuldade de fazer, concretizar, governar", declarou. 

Pedro Nuno Santos voltou, depois, a criticar o Orçamento do Estado apresentado pelo Governo, reiterando que "não é do PS", é "mau pelo que tem, mas sobretudo pelo que não tem". 

"Nós somos diferentes deles [coligação Aliança Democrática], temos uma visão diferente da sociedade e teríamos um Orçamento muito diferente. O Orçamento é mau. É mau pelo que tem e sobretudo pelo que não tem", vincou Pedro Nuno Santos, no Congresso Federativo de Coimbra, que decorreu nas Caves de Coimbra.

O secretário-geral do PS salientou que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, durante a campanha, afirmava que os governos socialistas "não eram ambiciosos" e apresentavam "taxas de crescimento anémicas", mas o plano orçamental apresentado pelo atual Governo a Bruxelas prevê que Portugal cresça nos próximos quatro anos "menos do que a média dos oito anos do PS", que contou com uma "pandemia pelo meio".

Sobre a proposta do OE2025 o líder socialista centrou-se em três áreas daquele documento do Governo, nomeadamente a criação de habitação para a classe média mas que retira medidas para as populações "mais desfavorecidas do país", a ausência de um aumento extraordinário para os pensionistas acima do que está previsto na lei e falta de condições para atrair e fixar profissionais de saúde, nomeadamente médicos, no Serviço Nacional de Saúde.

Pedro Nuno Santos vincou que não são apenas "duas matérias" que distanciam PS e PSD na discussão do documento, criticando também a política fiscal do Governo, que, se por um lado assegura uma poupança aos jovens em sede de IRS, contrapõe com "um agravamento dos impostos sobre os combustíveis".

"Quando formos às bombas, vamos pagar essa poupança", notou, criticando ainda o Governo por não explicar essa medida de agravamento fiscal nos combustíveis, acusando-o avançar com a medida "pela calada".

Por último, vieram os recados para os militantes. Pedro Nuno Santos referiu que liderar a oposição política, neste momento, é "um processo complexo", defendendo, por isso, um partido que se tem de apresentar "unido publicamente".

"O combate é difícil, mas o PS só estará à altura dele se cada um assumir as responsabilidades de intervir a uma só voz publicamente", disse, numa referência à divisão vivida no partido quanto à viabilização do OE2025. 

Pedro Nuno Santos aproveitou a oportunidade para dizer que os militantes do PS "não são comentadores como os outros". No sábado, já os havia convidado a "descerem do pedestal"

"É bom que ninguém se engane sobre isto, nem fora nem dentro do PS. Aqueles que no nosso partido têm acesso à televisão precisam mais vezes de descer do pedestal e de estar com o partido, sentir o partido, com os militantes. Se o fizerem vão perceber rapidamente que não há um único militante do PS que goste de ver dirigentes do PS a fazer o jogo da direita, o jogo do Governo", atirou.

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