Pelo sim pelo não, NATO vai voltar a debater gastos com a defesa

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Os ministros da Defesa dos países NATO reúnem em Bruxelas esta quinta-feira para preparar a Cimeira de Washington, em julho. Mas não podem esquivar-se a abordar a questão novamente suscitada por Donald Trump.

Dando mostras de que a NATO é outra das muitas entidades que antecipa uma vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas de novembro – e pelo sim pelo não – a organização resolveu regressar ao debate sobre a obrigação de cada país investir um mínimo de 2% do PIB na área da defesa. Vale a pena recordar que esta semana o candidato a candidato republicano voltou a dizer que, se for eleito presidente, não colocará a NATO ao serviço dos países que não cumprirem as suas obrigações. Trump tem repetido estas declarações com insistência – já o disse pessoalmente à presidente da Comissão Ursula von der Leyen – mas a evidência de que quase todas as sondagens indicam que Trump será o próximo presidente dos Estados Unidos torna a questão numa urgência.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse, antevendo a reunião, destacou o progresso histórico nos gastos com defesa. E anunciou que “no ano passado, vimos um aumento sem precedentes de 11% em todos os aliados europeus e no Canadá”. Este ano, espera que 18 aliados – um número recorde – gastem 2% de seu PIB em defesa. “Desde que o Compromisso de Investimento foi feito em 2014, os aliados europeus e o canadá adicionaram mais de 600 mil milhões de dólares para a defesa”, “estamos a fazer progressos reais”, disse, citado por um comunicado oficial da própria organização.

Os ministros debaterão igualmente, ainda segundo o mesmo documento, os progressos realizados no aumento da produção de munições. “Nos últimos meses, a NATO fechou contratos no valor de dez mil milhões de dólares”, disse Stoltenberg.

Os ministros abordarão ainda o recurso aos novos planos de defesa da NATO: o secretário-geral explicou que “neste momento, estamos a testar estes planos através do exercício Steadfast Defender, o maior exercício da NATO em décadas”, com cerca de 90 mil forças de todos os 31 aliados e da Suécia – que se prepara para ser o 32º membro do grupo.

O apoio da NATO à Ucrânia também estará na agenda. O secretário-geral da organização sublinhou que esse apoio faz uma diferença real, observando que “com a nossa ajuda, os corajosos ucranianos retomaram metade do território que a Rússia invadiu, abriram um corredor no Mar Negro e estão a infligir pesadas perdas às forças russas”. E saudou a recente decisão da União Europeia sobre um novo grande pacote de ajuda, tendo afirmado que espera que o Congresso dos Estados Unidos acompanhe essa decisão em breve, porque “isto não é caridade, isso é um investimento na nossa própria segurança”.

Esta quarta-feira, o Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, liderado pelos Estados Unidos, reunirá na sede da NATO (em Bruxelas) para abordar a situação no terreno e as necessidades urgentes da Ucrânia. Na quinta-feira, os ministros da Defesa discutirão como fortalecer ainda mais a dissuasão e a defesa da organização, seguido de uma reunião do Conselho NATO-Ucrânia com a participação do ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov.

Ainda no quadro das questões orçamentais, Jens Stoltenberg recebeu o Comissário Europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, na sede da organização. No final do encontro, Stoltenberg sublinhou a importância da cooperação NATO-UE para abordar prioridades comuns, incluindo o aumento da produção de defesa e a garantia de apoio a longo prazo à Ucrânia.

O Comissário Breton foi informado pelo secretário-Geral Adjunto, Mircea Geoana, de que a NATO está a implementar o Plano de Ação para a Produção de Defesa, que os líderes acordaram em Vilnius, para acelerar os contratos públicos conjuntos, aumentar a capacidade de produção e melhorar a interoperabilidade.

“Dois anos após o início da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, é absolutamente imperativo, tanto para a Ucrânia quanto para a segurança euro-atlântica, que aumentemos nossa produção de defesa e revitalizemos nossas indústrias de defesa”, disse Geoana, citado por comunicado oficial.

E acrescentou que, desde julho passado, a Agência de Apoio e Aquisição da NATO (NSPA) fechou contratos de cerca de 10 mil milhões de dólares, incluindo mísseis Patriot e munição. “Os aliados têm um único conjunto de forças. Por isso, temos de assegurar uma abordagem complementar das questões industriais de defesa, que respeite as competências da NATO, por exemplo, na definição de normas, e não crie barreiras entre os Aliados”.

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