Tal e qual um relâmpago, o FC Porto surpreendeu tudo e todos e anunciou, esta sexta-feira à noite, a contratação do jovem avançado internacional espanhol Samu Omorodion, proveniente do Atlético Madrid, a troco de 15 milhões de euros. Mas quem é, afinal, o novo número 9 portista?
Filho de pais nigerianos, Samuel Omorodion Aghehowa - mais conhecido no mundo do futebol como Samu Omorodion - nasceu em Melilla, enclave espanhol no Norte de África, que faz fronteira com Marrocos, mas cedo se mudou, com a família, para Sevilla.
Começou a jogar futebol nas escolinhas do AD Nervión, modesta equipa de Sevilla. Face à sua impressionante estampa física, comummente jogou nos escalões acima do habitual para a sua idade e começou a impressionar pelos seus números, até que, em 2021, o Granada o foi buscar para os seus escalões de formação. Uma viagem de três horas para dar o salto na jovem carreira.
Apesar de ter apenas 17 anos, não demorou até que o Granada o chamasse para jogar no seu filial, o Recreativo de Granada (Granada B, no fundo), e este acabou por ser determinante para a subida à 1º RFEF - 3ª divisão do futebol espanhol -, ao marcar 14 golos na temporada regular e mais quatro nos play-offs, incluindo um golo na final. 2022/23 foi a sua apresentação ao mundo do futebol, tudo com apenas 18 anos. Tudo depois de, no verão de 2022, ter frequentado uma academia especializada para melhorar alguns problemas no seu jogo.
A sua temporada foi de tal ordem impressionante que lhe valeu a chamada para a seleção espanhola ao Euro Sub-19, em 2023, além de ter integrado o plantel principal do Granada, comandado por Paco López, na altura. A estreia não podia ser melhor e marcou na derrota com o Atlético Madrid (3-1). O seu impacto foi tal que os colchoneros e Diego Simeone o contrataram, por seis milhões de euros, apenas uma semana depois.
Seguiu por empréstimo para o Alavés, para continuar a crescer numa equipa da La Liga, e, apesar das dificuldades demonstradas pelos comandados de Luis García em certos momentos da época, exibiu-se a bom nível, ao ponto de totalizar oito golos e uma assistência, em 35 jogos. Isto valeu-lhe a ida aos Jogos Olímpicos, onde ajudou Espanha a conquistar o Ouro, com um golo em quatro jogos, mas também despertou interesse.
Muitos adeptos colchoneros queriam a sua permanência na equipa principal, mas o Atleti investiu forte neste mercado de transferências e viu-se obrigado a fazer escolhas. O seu nome surgiu à baila para uma possível saída e chegou a ser dado como fechado como reforço do Chelsea, num negócio de alguma forma ligado à ida de Connor Gallagher para Madrid. Contudo, caiu por divergências contratuais e, agora, muda-se para a Cidade Invicta.
Como joga?
Então e, afinal, como joga Samu Omorodion? Começamos por dizer que é bastante distinto dos avançados vistos no Dragão nos últimos anos - nem que seja pela sua estampa física, de 1,93 metros e 90 kg -, o que espoleta bastante curiosidade para a forma como vai ser usado.
O avançado hispano-nigeriano faz do seu porte físico uma das principais armas, como seria de esperar, e é fortíssimo em todo o tipo de duelos, mas não deixa de ser bastante rápido, dando uso à sua passada larga, e ágil, apesar do tamanho. É, no entanto, o que costumamos chamar de um «rato de área», pronto a finalizar qualquer bola, pelo que terá que ser servido pela equipa e não tanto ser ele a ajudar na construção.
Contudo, há claramente espaço a melhorar. Embora tenha facilidade de finalizar com qualquer pé e com a cabeça, ainda tem que apurar o instinto matador e aumentar a sua eficácia - poderá ajudar estar agora mais bem servidos ao nível de colegas, comparando com o Alavés -, além de ter que ser mais inteligente nos duelos aéreos - venceu apenas cerca de 40 por cento na última edição da La Liga. A isto, junta-se a possível capacidade de criar para os colegas que Vítor Bruno poderá querer trabalhar nele, aproximando-o, quiçá, um pouco do que Taremi ou Evanilson ofereciam no passado.
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