PIGS passaram a FIGS: Sai Portugal e entra França no campeonato da dívida mais alta

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O bom desempenho de Portugal em termos de redução de dívida e de excedente orçamental coloca o país em vantagem face a França que está a passar por uma maior turbulência nas contas públicas.

A melhoria dos indicadores orçamentais de Portugal nos últimos anos coincidiu com a deterioração dos indicadores de França. Portugal conta com uma dívida sobre o PIB abaixo de 100% no final de 2023 e atingiu um excedente orçamental de 1,2%. Já França atingiu um défice de 5,5% e registou um rácio de dívida sobre o PIB de 110% no final do ano passado.

Desta forma, a sigla PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha) forjada durante a crise da zona euro em 2010 (considerada pejorativa por muitos, por ser a palavra para ‘porcos’ em inglês), pode perder o P de Portugal e ganhar o F de França para se tornar em FIGS, conforme sugere o jornal espanhol “El Economista”.

O défice só deverá recuar abaixo dos 4% em 2029, segundo a previsão mais recente do FMI.

O prémio de risco francês (diferencial entre o custo da dívida francês e a dívida alemã a 10 anos) encontra-se atualmente em 51, acima da média de 38,6 pontos da última década. Em contraste, o prémio de risco português situa-se nos 66 pontos, abaixo dos 151 de média.

“França tornou-se no foco orçamental da Europa”, segundo os economista do Bank of America Merrill Lynch (BofAML). “Os titulares orçamentais em Itália e França estão a levantar questões sobre a sustentabilidade das finanças públicas”.

Já os analistas da Capital Economics apontam que o “excesso de défice de França deve-se quase exclusivamente” à falta de receitas fiscais.

“A tendência de aumento do gasto corrente primário durante as últimas três décadas deixou a França com o rácio de gasto mais elevado da Europa. A França necessitará de reverter esta tendência mediante reformas estrututurais de despesa para reconstruir as reserva orçamentais, que sofreram erosão provocada pela resposta aos sucessivos choques durante 2020-2022”, segundo o FMI.

No final de março, questionou mesmo a Comissão Europeia: “dada a desconexão entre os défices anunciados e os que agora se preveem: está previsto iniciar no futuro próximo um procedimento de infração contra França por défice excessivo?”, segundo o “El Economista”.

O político receia que a Moody’s, Fitch ou a Standard & Poor’s cortem no rating francês a 26 de abril ou a 31 de maio, o que “só vai prejudicar ainda mais a credibilidade de Emmanuel Macron e do seu Governo, assim como a sua capacidade para governar França”.

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