PM britânico afirma apoio à polícia face a protestos violentos após crime de Southport

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O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou hoje o seu apoio à polícia face aos "bandos de rufias" responsáveis pela violência em Southport, noroeste de Inglaterra, após um ataque em que três crianças, incluindo uma lusodescendente, foram mortalmente esfaqueadas.

"Vimos gangues de bandidos nas ruas de Southport, atacando os mesmos agentes da polícia que intervieram após o terrível ataque àquelas raparigas", afirmou Keir Starmer no início de uma reunião com agentes da polícia, que tinha convocado.

"Este governo vai garantir que têm todos os poderes necessários", afirmou.

Para o líder do executivo britânico, "isto não são manifestações, são desordens violentas".

Numa conferência de imprensa, Starmer disse que o encontro com os responsáveis da polícia não pretendeu "apontar o dedo da culpa", mas antes destinou-se "a concertar a resposta, quer a este desafio imediato, que é claramente motivado pelo ódio da extrema-direita, mas também a qualquer desordem violenta que surja, qualquer que seja a sua aparente causa ou motivação".

"Não fazemos distinção. Crime é crime", sublinhou.

O primeiro-ministro anunciou a criação de uma "capacidade nacional em todas as forças policiais para combater os distúrbios violentos".

"Estes bandidos têm mobilidade, deslocam-se de comunidade para comunidade e devemos ter uma resposta da polícia que possa fazer o mesmo", disse, referindo como medidas a partilha de informações, a maior utilização de reconhecimento facial e iniciativas para restringir os movimentos - "exatamente como fazemos com os `hooligans` do futebol", exemplificou.

Starmer deixou ainda um aviso às grandes plataformas de redes sociais.

"A desordem violenta é claramente impulsionada online. E é também um crime, que está a acontecer nas vossas instalações", disse, lembrando que "a lei deve ser cumprida em todo o lado".

"Tomaremos todas as medidas necessárias para manter as ruas seguras", garantiu.

Um jovem de 17 anos, nascido no Reino Unido e filho de ruandeses, matou três meninas, incluindo a filha de um casal de madeirenses, num ataque durante uma aula de dança num centro educativo em Southport. Dez outras pessoas ficaram feridas, incluindo cinco crianças e dois adultos, que estão em estado crítico.

Após o ataque, eclodiram os primeiros confrontos na cidade de Southport, atribuídos pela polícia a manifestantes de extrema-direita que atacaram uma mesquita.

Anteriormente, tinham-se espalhado rumores nas redes sociais sobre a identidade e a religião do suspeito.

Os protestos estenderam-se a Londres, com distúrbios perto do parlamento e da residência oficial do primeiro-ministro britânico, tendo a polícia detido mais de 100 pessoas. Mais de cinco dezenas de agentes policiais ficaram feridos, segundo as autoridades.

A manifestação na capital, sob o lema "Enough is Enough" ("Já Basta"), foi promovida e organizada por membros da extrema-direita britânica após o crime de Southport.

Na terça-feira, além dos confrontos em Southport foram igualmente organizadas manifestações anti-imigração em Hartlepool, Manchester e Aldershot e que também acabaram em confrontos com a polícia.

Hoje, o suspeito foi presente ao tribunal de Liverpool e o juiz decidiu divulgar a sua identidade, tendo em conta que cumpre 18 anos na próxima semana.

"Continuar a impedir a comunicação completa tem a desvantagem de permitir que outros espalhem desinformação, no vazio", justificou o juiz Andrew Menary.

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