Poderá o Benfica descer às distritais?

2 horas atrás 15

O mundo do futebol português foi recentemente abalado por acusações que podem alterar drasticamente o panorama desportivo nacional.

O Ministério Público acusou a SAD do Benfica e o ex-presidente Luís Filipe Vieira de crimes de corrupção ativa e fraude fiscal, num caso que remonta ao período compreendido entre 2016 e 2019.

As consequências podem ser severas, com o MP a pedir a suspensão do clube das competições desportivas por um período entre seis meses e três anos.

A gravidade das acusações levanta a seguinte questão: seria possível ver o Benfica, um dos gigantes do futebol português, cair da Primeira Liga para os campeonatos distritais?

À primeira vista, parece um cenário improvável, quase surreal.

Contudo, a história do futebol europeu mostra-nos que não é impossível.

Precedentes preocupantes

O caso da Juventus em Itália serve como um alerta.

Em 2006, o clube foi despromovido à Serie B e teve pontos deduzidos devido ao escândalo de viciação de resultados conhecido como Calciopoli.

Mais recentemente, em 2023, a Juventus foi novamente punida com a perda de 15 pontos no campeonato italiano por fraudes fiscais em contratações de jogadores.

Valor económico do plantel e da marca

O Benfica representa um valor económico significativo no futebol português e europeu:

Valor do Plantel: Aproximadamente 335 milhões de euros.

Valor da Marca: Embora não tenhamos um valor exato, o Benfica é uma das marcas mais valiosas do futebol português, com parcerias comerciais significativas com empresas como a Adidas e a Emirates.

Impacto de uma possível suspensão

Se o Benfica fosse efetivamente suspenso, o impacto seria devastador:

Parcerias Comerciais: As principais marcas associadas ao clube poderiam reconsiderar os seus contratos milionários.

Jogadores: Os atletas provavelmente tentariam transferências.

Competições: Ao regressar às competições, o Benfica teria que começar nas divisões inferiores, possivelmente nos campeonatos distritais.

 Comparação com casos anteriores

Apito Dourado: Este escândalo de 2004 envolveu alegações de corrupção e suborno de árbitros. O FC Porto foi o principal alvo, mas as consequências foram principalmente individuais, sem afetar diretamente o clube.

E-Toupeira: Resultou na condenação de Paulo Gonçalves, mas o Benfica como instituição foi ilibado.

Viciação de Jogos: As acusações contra César Boaventura, embora não tenham provado ligação direta com o Benfica, lançaram suspeitas sobre a integridade do clube.

Cenário atual

O caso atual parece ser mais grave e abrangente que os anteriores, incluindo o Apito Dourado.

A acusação de corrupção ativa contra a SAD do Benfica e seu ex-presidente, Luís Filipe Vieira, sugere um envolvimento institucional em práticas irregulares.

Adicionalmente, a Polícia Judiciária e o Ministério Público investigam um alegado aliciamento de jogadores do Marítimo por parte de um elemento do Benfica, na 33ª jornada do campeonato de 2015/16.

 O que se segue?

O Benfica já anunciou que irá “analisar em detalhe a acusação” e defender-se-á “de todas as acusações infundadas“. O clube tem um longo caminho pela frente e, seguramente, usará todos os recursos disponíveis para evitar as punições mais severas.

A credibilidade do futebol português está em jogo

As autoridades enfrentam um dilema complexo: por um lado, a necessidade imperiosa de punir infrações graves para manter a integridade do desporto; por outro, o risco de desestabilizar todo o ecossistema do futebol português com sanções severas.

Caso o Benfica venha a ser alvo de punições desportivas, os decisores terão de ponderar cuidadosamente entre a justiça e as potenciais repercussões económicas e competitivas que poderiam abalar os alicerces do futebol nacional.

Esta decisão não só testará a robustez do sistema judicial desportivo, mas também definirá o futuro do panorama futebolístico em Portugal.

A forma como este caso será resolvido poderá definir o futuro do desporto no país por muitos anos, testando não apenas a integridade do sistema judicial desportivo, mas também a resiliência de um dos clubes mais emblemáticos e economicamente relevantes de Portugal.

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