Polaco Jaroslaw Kaczynski nega espionagem a altos funcionários do Estado

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"Não houve nenhuma situação em que pessoas que ocupavam altos cargos do Estado estivessem sujeitas à vigilância dos serviços. Pelo menos não tenho conhecimento disso", indicou Kaczynski, segundo a agência noticiosa PAP, ao comparecer perante a comissão parlamentar que examina se o anterior Governo, liderado por Mateusz Morawiecki, utilizou o 'software' Pegasus para espiar oponentes políticos.

Kaczynski, que era vice-primeiro-ministro da Polónia durante a alegada utilização do Pegasus, aproveitou o seu discurso para afirmar que a comissão é "apenas um espetáculo" montado pela atual coligação governamental para desacreditar o anterior Executivo.

Questionado pela presidente da comissão, Magdalena Sroka, se ele próprio sabia como funcionava o Pegasus, Kaczynski afirmou confiar no ex-ministro do Interior Mariusz Kaminski e no seu antigo "número dois", Maciej Wasik.

"Não tenho forma de verificar o seu conhecimento, por isso tive de confiar nas suas informações", disse o histórico líder partidário, acrescentando que Kaminski lhe garantiu "repetidamente que todas as ações dos serviços de informações foram realizadas de acordo com a lei", incluindo no período em que foi chefe do Gabinete Central Anticorrupção e ocupou o cargo de primeiro-ministro (2006-2007).

Da mesma forma, o presidente da comissão perguntou-lhe se foi o próprio Kaminski ou o então ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro, quem ordenou a compra do sistema.

"Acho que a decisão final foi tomada por um grupo maior", disse Kaczynski.

Um dos momentos mais tensos ocorreu quando Sroka se referiu a um possível teste do polígrafo. "É uma pergunta provocadora e seria melhor se a removessem", respondeu.

Kaczynski argumentou inicialmente que, ao abrigo de uma das disposições da lei que rege a comissão, esta não poderia revelar informações confidenciais, "a menos que houvesse consentimento" da outra pessoa, que neste caso era o antigo primeiro-ministro Morawiecki.

Entre a disputa sobre se a audiência deveria ser realizada à porta fechada ou à porta aberta por este motivo, tanto os membros da oposição como a maioria parlamentar apresentaram moções para excluir ambos os lados da reunião.

Por último, os deputados do PiS Mariusz Gosek e Jacek Ozdoba foram excluídos da audiência por perturbarem a atividade da comissão, medida criticada por Kaczynski, que alegou que os deputados de cada partido político deveriam ser representados com base num critério de proporcionalidade.

O anterior executivo recorreu ao Pegasus pelo menos em três ocasiões, para vigiar a procuradora Ewa Wrzosek, crítica da controversa reforma judicial encetada no país, o advogado Roman Giertych e o senador Krzysztof Brejza, segundo revelaram órgãos de comunicação social no final de 2021.

A Polónia vive em grande tensão política desde as últimas legislativas em outubro do ano passado, que deram a vitória ao partido conservador populista PiS, mas sem maioria parlamentar, acabando por interromper oito anos consecutivos no poder e cedê-lo a coligação de oposição liberal liderada pelo ex-presidente do Conselho Europeu Donald Tusk.

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