A Polícia Federal brasileira (PF) desencadeou esta quinta-feira uma nova fase da Operação Lesa-Pátria, operação permanente que visa desmantelar redes de radicais de extrema-direita ligadas aos violentos ataques levados a cabo em Brasília em 8 de janeiro do ano passado por seguidores de Jair Bolsonaro, e que na ação tem como alvo principal o líder da oposição ao governo Lula da Silva, deputado federal Carlos Jordy.
Homens da Polícia Federal chegaram perto das 6h00 da manhã (9h00 em Lisboa) à Câmara dos Deputados, em Brasília, e arrombaram a porta do gabinete de Jordy, iniciando o cumprimento de um dos mandados judiciais de busca e apreensão contra o parlamentar, que no entanto não teve a prisão decretada. No mesmo horário, outros agentes federais foram ao apartamento de Jordy, tiraram-no da cama e iniciaram outra ação de busca na residência, recolhendo, tal como no Congresso, documentos, telemóveis, computadores e outros objetos que posteriormente serão analisados em busca de provas do envolvimento do parlamentar com grupos extremistas.
Carlos Jordy, que está no segundo mandato como deputado federal e é pré-candidato a autarca da importante cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, nas eleições municipais do próximo mês de outubro, reclamou nas suas redes sociais na manhã desta quinta-feira ter sido acordado pela polícia "com um fuzil (espingarda militar) na cara". Segundo o que referiu num vídeo nas redes sociais, a ação da Polícia Federal, autorizada pelo juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, é totalmente ilegal, sem qualquer fundamento jurídico e um ato autoritário, comprovando as denúncias que ele mesmo tem feito de que o Brasil vive numa ditadura desde a tomada de posse de Lula da Silva a 1 Janeiro 2024, depois de ter derrotado Jair Bolsonaro nas presidenciais de outubro de 2022.
Muito ativo nas redes sociais, Carlos Jordy é um dos expoentes da ala mais radical de seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem como um dos alvos preferidos dos seus ataques o juiz Alexandre de Moraes, que autorizou a ação desta quinta-feira e a quem já chamou de "vagabundo", e o próprio STF. O parlamentar envolve-se frequentemente em controvérsias com políticos e personalidades que não apoiam as suas declarações extremistas e desmente a versão oficial de que os ataques de bolsonaristas em Brasília, em 8 janeiro 2024, quando o Congresso, o STF e o palácio presidencial foram invadidos e depredados, foram uma tentativa de derrubar o então recém-empossado Lula da Silva.
De acordo com a investigação da Polícia Federal, Jordy foi um dos incentivadores dos atos de radicais da extrema-direita que após a derrota de Jair Bolsonaro nas presidenciais bloquearam dezenas de estradas pelo Brasil por não reconhecerem o resultado eleitoral. Para a PF, Jordy também apoiou e insuflou os extremistas de direita que após o fracasso de Bolsonaro nas urnas acamparam junto a quartéis em dezenas de cidades exigindo que as Forças Armadas dessem um golpe de Estado para devolver o poder a Bolsonaro e iniciar uma nova ditadura.