PONTO DE VISTA | Tuchel, o alemão no meio do orgulho ferido inglês: «Não é unânime»

3 horas atrás 21

Dia 16 de outubro de 2024. A Federação Inglesa de Futebol (FA), depois de vários rumores que se arrastaram durante as últimas semanas, anunciou oficialmente a chegada de Thomas Tuchel ao comando técnico da seleção, após Lee Carsley ter sido nomeado para disputar alguns encontros da UEFA Nations League versão 2024/2025.

O alemão estava livre no mercado, após ter comandado o Bayern München nas temporadas 2022/2023 (entrou na reta final) e 2023/2024, altura em que arrecadou 31 triunfos em 49 jogos realizados. Antes disso, sublinhe-se, somou experiências como treinador-adjunto no VfB Stuttgart e comandou o FC Augsburg (juniores e equipa B), FSV Mainz 05 (juniores), Mainz, Borussia Dortmund (Alemanha), Paris SG (França) e Chelsea.

Thomas Tuchel
11 títulos oficiais

'Seria difícil' arranjar um técnico com um currículo mais preenchido. Já conquistou, entre outros, uma Liga dos Campeões, uma Supertaça Europeia, dois campeonatos franceses ou uma DFB Pokal. Um profissional que está familiarizado com a realidade do futebol inglês e habituado a lidar com os fervorosos adeptos britânicos, sempre a pensar em algo mais nos seus trajetos internacionais.

Para percebermos melhor o impacto desta contratação, «batemos à porta» do PlaymakerStats, parceiro inglês do zerozero. Stephen Gillett, profundo conhecedor desta realidade, explica que, por enquanto, as opiniões dos adeptos ingleses estão 'bastante divididas'. «Existe uma grande rivalidade entre Alemanha e Inglaterra, que já vem desde os tempos da Segunda Guerra Mundial. Isso acabou por alastrar-se para o futebol. Os próprios ingleses olham para a Alemanha como o seu grande rival», começou por explicar.

«Tudo começou com a vitória de Inglaterra na final do Mundial de 1966. Numa fase posterior assistimos a um domínio da equipa alemã, sendo que as derrotas no Mundial de 1990 e no Euro de 1996 (em casa) ainda estão na memória dos adeptos ingleses. Ou seja, os mais patriotas estão contra a contratação de um estrangeiro - especialmente alemão -, pois preferiam um inglês. A outra parte, por sua vez, reconhece qualidade no trabalho de Thomas Tuchel e acreditam que foi uma excelente contratação», acrescentou. 

Thomas Tuchel é uma exceção à regra no 'mundo' da seleção inglesa, uma vez que vai tornar-se apenas no terceiro treinador estrangeiro a orientar a equipa. Os outros dois? Sven-Göran Eriksson (67 jogos) e Fabio Capello (42 jogos). «Sem dúvida que vai ter uma pressão adicional. Qualquer técnico ia ter pressão, especialmente um alemão», argumentou, antes de explicar o pensamento da FA.

«Demonstra que sempre deram preferência a ingleses. Este período pós-Southgate, na minha opinião, talvez pedisse alguém mais unânime. Obviamente Tuchel não é unânime. No entanto, conseguimos perceber que os treinadores ingleses disponíveis não eram os melhores, portanto, decidiram optar por um estrangeiro», afirmou o jornalista.

«O mais importante é a conquista dos adeptos»

A era, que vai ter o seu início em janeiro de 2025, não «começou» de forma completamente harmoniosa aos olhos dos adeptos, pese embora o reconhecer da qualidade do novo timoneiro. «Tal como já referi, eles sabem que é excelente em termos de trabalho. Fez um excelente trajeto no Chelsea, onde conquistou a UEFA Champions League. Abona muito a seu favor», atirou.

Thomas Tuchel, o novo selecionador da 🏴󠁧󠁢󠁥󠁮󠁧󠁿:
➡ 3.º não britânico a orientar a seleção 🏴󠁧󠁢󠁥󠁮󠁧󠁿, depois de 🇸🇪 Eriksson (67J) e 🇮🇹 Capello (42J)
➡ 3 títulos ao serviço do Chelsea
➡ 1.ª seleção que orienta pic.twitter.com/EyAsfw874g

— Playmaker (@playmaker_PT) October 16, 2024

«Principais dificuldades? Penso que sejam as mesmas dos últimos anos: a conquista dos adeptos. Observamos esse aspeto com insistência com o Southgate. Criaram uma excelente ligação entre as duas partes, depois de alguns anos com rivalidades fortes entre clubes, que acabavam por passar para a seleção. No que toca aos jogadores - alguns já estiveram com ele no passado -, vão aceitar tranquilamente as ideias», disse Stephen Gillett.

Mas, afinal, qual será a chave para o sucesso no comando da seleção de Inglaterra? «É fácil. Ganhar e jogar bem, sendo que esta segunda parte é bastante importante. Com Southgate ganhavam, mas nunca convenceram totalmente. Os talentos e as opções são muitas. Vencer não chega. Será necessário, também, arranjar um equilíbrio entre todos os jogadores que têm disponíveis, um cenário verificado de igual modo com Portugal», concluiu.

A tarefa está longe de ser fácil e, por enquanto, vai ter a ajuda confirmada de Anthony Barry, técnico-adjunto que estava na equipa técnica de Roberto Martínez. Hilário, atual treinador de guarda-redes do Chelsea, é outro dos nomes apontados para ajudar o alemão nesta jornada...

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