População faz 'Via Dolorosa' que atrai visitantes a Alijó e Vila Real

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A Via Dolorosa é uma iniciativa que assinala a Semana Santa, que antecede a Páscoa. Em Alijó, pelo segundo ano consecutivo, os populares das 14 freguesias foram desafiados a participar no espetáculo que, no domingo, terá como palco o centro histórico da vila do distrito de Vila Real.

Na capital de distrito, esta será a primeira vez que a comunidade protagoniza a Via Dolorosa que se realiza no dia 27, começa na Praça do Município, passa pela Avenida Carvalho Araújo e termina no Jardim da Carreira.

"Temos o encontro de pessoas de mais idade e convivemos com elas, é uma forma de elas se ocuparem e sentimo-nos bastante úteis no apoio à comunidade", afirmou à agência Lusa Isaura Diogo, 46 anos, moradora em Carlão, Alijó.

Nesta aldeia, os ensaios são feitos em simultâneo com a banda filarmónica que vai atuar ao vivo. Uns participam movidos pela fé, enquanto outros é mais pelo convívio, os mais velhos saem de casa e juntam-se aos mais novos numa celebração que é de toda a comunidade.

Jéssica Fernandes e Matilde Vieira, ambas com 17 anos, participam mais pelo convívio, mas conseguem perceber a fé que move os mais velhos.

"Precisamos de um todo para fazer uma coisa acontecer", realçou Matilde, que é saxofonista na banda.

O padre Ricardo Machado disse que a "Via Dolorosa tem um lado teatral, de espetáculo, para atrair as pessoas e que a isso também se alia a fé".

"É uma igreja que sai, não é uma igreja de sacristia e a Via Dolorosa, que envolve tanta gente de várias faixas etárias, é um bom exemplo disso", salientou.

O presidente da União das Freguesias de Carlão e Amieiro, António Oliveira, referiu que este ano há mais pessoas a aderir à iniciativa da câmara.

"Somos uma comunidade cristã e isso incentiva-nos mais a participar", realçou.

O espetáculo ao ar livre cumpre a sequência da narrativa dos últimos dias de Jesus Cristo, sendo que cada quadro é encenado por uma freguesia, num lugar específico da vila.

A vereadora da Cultura do município de Alijó, Mafalda Mendes, disse que este é "o maior espetáculo do género da região com participantes ativos", que tem "capacidade para aumentar a visibilidade" do concelho e para se afirmar "como uma proposta atrativa do ponto de vista turístico".

"Com este evento, pretendemos aumentar a oferta cultural, numa época em que temos muitas pessoas que regressam ao concelho para visitar as suas famílias, mas é também uma oportunidade para atrair pessoas de outros pontos do país e quebrar a sazonalidade do turismo nesta altura do ano", salientou.

Já vereadora da Cultura em Vila Real, Mara Minhava, contou que este ano o município "quis fazer algo diferente, que envolvesse diretamente a comunidade, tornando-a protagonista do evento".

"O que, estou certa, atrairá ainda mais visitantes do concelho e da própria região. Trata-se de um espetáculo que parte de uma base religiosa, mas que lhe soma uma vertente artística (encenação e cânticos), envolvendo centenas de pessoas da comunidade, que trabalham com a Filandorra e os Coros Marco Aurélio", salientou.

Marco Aurélio está envolvido na preparação dos espetáculos em Alijó e em Vila Real, num total de 34 freguesias envolvidas.

É, descreveu, um "espetáculo da comunidade para a comunidade".

"É uma forma de todos participarem, uns pela fé e outros pela parte artística. Aqui as freguesias não disputam, partilham e é engraçado ver como é que, todos juntos, conseguem estar integrados num projeto comum e em que cada freguesia assiste à outra freguesia", frisou.

O espetáculo em Vila Real divide-se em 10 quadros e conta também com a participação de bandas filarmónicas do concelho.

O santuário da Senhora da Pena está a ser palco para ensaios que juntam as uniões das freguesias de São Tomé do castelo e Justes e Mouçós e Lamares.

"Mantemo-nos ativas e participamos com muito gosto nisto. Relata o que se passou naquela época, nós acreditamos e temos muita fé e comovemo-nos muito", afirmou Paula Lagares, 55 anos, participante da freguesia de Mouçós.

Já Rui Fernandes, 52 anos e residente em São Tomé do Castelo, considerou que o convívio é cada vez mais necessário nas aldeias, porque elas estão a ficar envelhecidas e esta é uma forma de se estar entretido e de conviver.

"Mas a fé é, sem dúvida, uma das principais motivações", afirmou.

O presidente da União de Freguesias de São Tomé do Castelo e Justes, Francisco Coutinho, realçou a importância da iniciativa numa altura em que o isolamento é um problema crescente nas aldeias.

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