Portugal precisa de crescer 1,5 pontos acima da média europeia para ficar na metade mais rica da UE

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O gabinete de estudos da FEP alerta para o referencial pouco ambicioso de crescimento usado pelo Governo, pedindo que se passe a usar uma média simples dos países europeus, estimando que o país teria mais um milhão de pessoas caso tivesse crescido 2,4% de média desde 2009.

Portugal precisa de crescer entre 1,4 e 1,5 pontos percentuais (p.p.) acima da média simples europeia, de forma a alcançar a metade de cima da UE até 2033, no que respeita ao nível de vida da sua população, isto assumindo que se verifica a projeção de crescimento do ‘Ageing Report 2024’ da Comissão Europeia, aponta um estudo da Faculdade de Economia do Porto (FEP). Tal representa cerca de quatro vezes mais do que os 0,9% de média do período entre 2009 e 2022, que, a manter-se, levará o país à 25ª posição do grupo de 27 países daqui a nove anos.

O segundo capítulo do ‘Economia e empresas – tendências, perspetivas e propostas’, relatório efetuado e publicado pelo Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P) da FEP, projeta o crescimento nacional na próxima década, pedindo reformas estruturais que aumentem o PIB potencial português, sob pena de o país continuar a cair na posição relativa europeia quanto à riqueza e bem-estar das populações.

Segundo os autores do estudo, o referencial de crescimento deve ser revisto para refletir maior ambição, dado o peso muito superior das economias mais desenvolvidas (Alemanha e França), que são também as que mostram menor dinamismo. Como tal, o crescimento português deve ser comparado com uma média simples europeia (em que todos os países têm o mesmo peso) ou, caso o indicador seja superior, com a mediana simples.

Caso Portugal tivesse registado um crescimento semelhante à média simples europeia desde 1999, ou seja, 2,4%, o país ocuparia agora a 12ª posição no que respeita ao nível de vida no bloco europeu, com 99,4% da média, e mais um milhão de pessoas no país. Este aumento de população resultaria de 486 mil pessoas no saldo migratório e 530 mil no saldo natural, fruto de menos 14 mil mortes por ano e mais 9 mil nascimentos.

Assim sendo, o estudo elaborado por Óscar Afonso e Nuno Torres conclui que o crescimento económico não é influenciado pela dinâmica demográfica, mas antes o contrário, com os autores a argumentarem que “é a criação de condições de crescimento económico – o que requer reformas estruturais – que retém e atrai população (e capitais) para gerar riqueza”.

Esta dinâmica populacional será explorada no próximo capítulo da publicação do G3E2P, lê-se neste relatório.

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