Portugueses em Paris tristes com derrota que deixa um "amargo especial"

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Várias dezenas de portugueses assistiram num restaurante perto da Torre Eiffel ao jogo entre Portugal e França, que terminou com a derrota da seleção nacional nas grandes penalidades (5-3, após o teimoso 0-0 no tempo regulamentar e no prolongamento).

Ao longo de mais de duas horas, estes portugueses vibraram, cantaram, deram saltos nas cadeiras e, no final, acabaram simplesmente a olhar uns para os outros, alguns de mãos na cabeça.

"Nós somos muitos portugueses cá em França e estes jogos têm significado porque é quando nos encontramos todos: a celebrar, a festejar, e lembramos o nosso país. Para mim, enquanto emigrante, até acho que tem mais significado do que para um português", frisa William, de 25 anos, que viveu a vida toda em Paris.

Tendo como pano de fundo o ruído de vuvuzelas, buzinas e pessoas a passarem com bandeiras de França, a festejar a passagem para as meias-finais do Euro2024, muitos destes portugueses assumem que um jogo da seleção frente a França tem um "significado especial" para eles.

"É aquele bichinho que mexe sempre. Estamos cá, é o país que nos acolheu, mas há sempre aquela rivalidade. Até fico mais triste quando perco com eles, porque eles agora vão gozar connosco", diz à Lusa Arlindo, com 59 anos, e que veio para França em 1987, da zona de Macedo de Cavaleiros.

Apesar de partilharem o quotidiano com franceses, nenhum admite ter sentido um pequeno contentamento com a vitória de França, contrapondo que uma derrota contra os 'gauleses' chega mesmo a doer mais para quem cá vive.

"Gosto da França mas sempre me senti um bocadinho mais português. E tive sempre aquela educação futebolística, com o meu pai sempre a torcer pela seleção e, portanto, a seleção francesa não está tanto no meu coração como a portuguesa", admite Miguel, de 25 anos.

Agora, apesar de terem vivido a grande parte da sua vida em França, é difícil encontrar quem pretenda apoiar os gauleses até ao final da competição. Pelo contrário, a seleção que parece ter conquistado mais adeptos entre os portugueses de Paris é precisamente a próxima adversária dos 'bleus', a Espanha.

"Quero que ganhe a Espanha. É a minha pequena vingança", diz à Lusa Diogo, de 28 anos, à semelhança de Arlindo e Rodrigo, de 19 anos, que critica a reação que vários franceses tiveram à vitória de Portugal no Euro2016, em França.

"É complicado engolir o que eles fizeram. Agora, é simples: La Roja! La Roja!", diz Rodrigo, com a camisola das 'quinas' vestida, a rir.

A única carta fora do baralho é João Pedro, de 51 anos, que, apesar de admitir que uma derrota diante da França tem sempre um "amargo especial", salienta que, quando a seleção portuguesa perde, acaba sempre por torcer pela do país que o viu crescer.

"Se a França ganhar, fico contente, ainda para mais contra a Espanha. Mas mesmo assim não fico tão feliz como se fosse Portugal a ganhar", diz, com um cigarro na boca, uma forma talvez de aliviar o 'stress' que sentiu durante este jogo especial, longo e com um final agridoce.

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