Preço do cacau atinge novo máximo histórico e pode chegar aos dez mil dólares em 2030

Os futuros do cacau atingiram máximos históricos esta quarta-feira e deverão impulsionar o preço do chocolate no dia em que mais se oferece este alimento, Dia de São Valentim ou Dia dos Namorados. Desde janeiro do ano passado que os preços de referência do cacau em Nova Iorque já dispararam 129% e 35% desde o início deste ano e podem chegar aos dez mil dólares daqui a seis anos.

No entanto, não é a celebração anual que vai fazer aumentar o preço do chocolate, mas sim o fenómeno El Niño. É que este fenómeno climático está a causar um clima mais seco no Gana e Costa do Marfim, dois dos maiores produtores mundiais de cacau do mundo. Também a chuva extrema inundou os campos e fez com que o grão do cacau apodrecesse, resultando numa perda de grande parte das colheitas.

Perante estas condições, o consumidor será ‘forçado’ a assumir o aumento do custo. Isto numa altura em que os fabricantes de chocolate ficarão sem grande parte das encomendas, o que dificultará a produção.

“As secas extremas que se fazem sentir durante a maturação das sementes do cacau e as cheias intensas durante as colheitas têm provocado uma redução das sementes do cacau e as cheias intensas durante as colheitas têm provocado uma redução das perspetivas de produção e o aumento do aparecimento de doenças nos cacaueiros”, indicam, referindo ainda que estes fenómenos causam a destruição da produção e ainda a redução de rendimentos futuros dos terrenos utilizados”, aponta a análise da XTB divulgada esta quarta-feira.

Ainda assim, aponta a análise, que este fator não constitui “um problema”. O problema surgirá, no entanto, “se a oferta não se ajustar à procura”, sendo que “o preço do cacau pode quase duplicar em 2030 e atingir os dez mil dólares por tonelada”.

“Só este ano, o cacau já atingiu os 5.500 dólares por tonelada, o dobro face aos níveis registados no ano passado. Já desde o início de 2024, o preço do cacau já aumentou 35%”, lê-se numa análise da XTB.

“Assumindo que os preços dos restantes ingredientes do chocolate não sofrem alterações, apenas a valorização do cacau deverá provocar um aumento de 12% nos preços dos chocolates ao longo do ano”, sustentam os analistas. A XTB refere as alterações climáticas na África Ocidental como as principais causadoras do aumento do preço do chocolate.

Os analistas sustentam ainda que a guerra na Ucrânia também está a “ter influência no aumento dos preços do cacau”, ainda que indiretamente, dado que o “conflito está a causar um aumento extremamente elevado nos preços dos fertilizantes, uma vez que a Rússia é um dos principais produtores deste produto”.

Também a procura a longo prazo tem estado a aumentar “moderadamente”, a uma média anual entre os 2% e 4%. “Os maiores consumidores são, naturalmente, os países europeus e os países da América do Norte, enquanto os consumidores que registam o crescimento mais rápido são a China e a Índia”.

No entanto, os preços do cacau não vão ser os únicos fatores a influenciar a subida do preço do chocolate, destaca a mesma análise. “O açúcar e as embalagens têm registado diminuições no preço e as produtoras poderão também optar por utilizar leite em pó, que é mais barato. Por outro lado, as empresas estão a identificar um aumento dos preços da mão de obra e do transporte”.