Presidência do Sudão do Sul estuda "viabilidade" de eleições em dezembro

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A realização das primeiras eleições na história do país mais jovem do mundo, que se tornou independente do Sudão em 2011, é cada vez mais incerta.

Previstas no âmbito de um acordo de paz que em 2018 pôs fim a cinco anos de guerra civil sangrenta (400.000 mortos, milhões de deslocados) entre os rivais Salva Kiir e Riek Machar, hoje Presidente e vice-presidente do Sudão do Sul, as eleições foram já adiadas diversas vezes.

"A Presidência, em colaboração com os líderes dos principais partidos políticos, decidiu pedir aconselhamento técnico às instituições eleitorais sobre a viabilidade da realização das próximas eleições", declarou num comunicado divulgado esta terça-feira à noite a Presidência sul-sudanesa.

"Esta decisão tem como objetivo fornecer um calendário realista sobre o qual os líderes políticos possam chegar a acordo para as eleições", explicou o comunicado, que cita o ministro dos Assuntos Governamentais, Martin Elia Lomuro.

Nos termos do acordo de paz de 2018, o Sudão do Sul é liderado por um Governo de unidade nacional, composto por Salva Kiir (presidente) e Riek Machar (primeiro vice-presidente), que tem como tarefa realizar uma "transição" que culmine em eleições.

O país, no entanto, um dos mais pobres do mundo, continua a ser atormentado por lutas pelo poder, corrupção e conflitos étnicos locais, e os progressos nos domínios fundamentais do acordo (elaboração de uma constituição, criação de um exército unificado, etc.) continuam a ser escassos.

O Governo adiou, por isso, várias vezes o fim do período de "transição" e a última prorrogação fixou o prazo em fevereiro de 2025, depois de eleições a realizar em dezembro de 2024.

Entretanto, não há ainda consenso sobre a data dessas eleições, nem sobre a sua natureza (presidenciais, legislativas, eleições para governadores, etc.).

Riek Machar anunciou em março que boicotaria todas as eleições até que as disposições essenciais do acordo de paz estivessem em vigor.

Salva Kiir, por seu lado, comprometeu-se a realizar eleições em dezembro, mas não se registaram progressos significativos na organização do plebiscito.

Foram criados um Conselho dos Partidos Políticos e uma comissão eleitoral, mas não foram tomadas quaisquer medidas concretas desde então, e o recenseamento eleitoral, cujo início estava previsto para junho, está parado.

O Governo enfrenta também uma significativa falta de recursos depois de perder a sua principal fonte de receitas por efeito dos combates no vizinho Sudão, que danificaram um oleoduto que lhe permitia exportar o seu petróleo.

Os Estados Unidos anunciaram na passada segunda-feira 95 milhões de dólares (86,2 milhões de euros) em assistência humanitária adicional, através da USAID, para apoiar as populações afetadas pelas diversas crises no Sudão do Sul.

De acordo com o embaixador dos Estados Unidos em Juba, Michael J. Adler, o total da assistência de Washington ao Sudão do Sul desde o início de 2024 ascende a 508 milhões de dólares (460,9 milhões de euros).

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