Presidente da República: Questão das reparações históricas “é um processo que está em crescendo”

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Remetendo para exemplos de cooperação, Marcelo Rebelo de Sousa apontou para os programas que têm vindo a ser estabelecidos entre o Governo português e outros países da lusofonia.  

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou hoje, durante uma visita a Cabo Verde, que a questão das reparações histórias aos países que foram colonizados é “um processo em crescendo”.

“A reparação está a ser feita, vai continuar a ser feita. É um processo que está em crescendo, não em decrescendo”, insistiu, não recuando, por um lado, nas ideias defendidas durante um encontro com correspondentes estrangeiros no qual defendeu que Portugal tem “de pagar os custos” do colonialismo e proceder a reparações históricas, rejeitando, por outro, qualquer divergência entre Belém e São Bento nessa matéria. Isto porque o Governo emitiu um comunicado no rescaldo das declarações de Marcelo.

Remetendo para exemplos de cooperação, Marcelo Rebelo de Sousa apontou para os programas que têm vindo a ser estabelecidos entre o Governo português e outros países da lusofonia. Esse é, precisamente, um dos eixos do comunicado do Executivo de Luís Montenegro, que dá destaque “às políticas gerais de cooperação e à sua materialização na educação, formação, língua, cultura e saúde.

“Vai haver mais projetos de cooperação. Isto é um processo contínuo, que enfrenta novos desafios. A cooperação que havia em relação a Cabo Verde, por exemplo, nos anos 80, é diferente da dos anos 90, do começo deste século. O senhor primeiro-ministro anunciou passos na cooperação que vão mais longe do que aqueles que existiam. E isto está a ser permanente. Porque os dinamismos sociais são assim”, continuou, sublinhando.

Questionado pelos jornalistas sobre a forma como a sociedade portuguesa encara este processo, o Presidente entende que a “sociedade portuguesa está preparada há algum tempo para compreender um fenómeno que era muito recente”.

“Tudo isto aconteceu há muito pouco tempo. Estamos a celebrar os 50 anos. E foi um processo lento. Eu recordei que a CPLP nasceu 20 e tal anos depois de 74. Com feridas de parte a parte que demoraram a cicatrizar. É quase um quarto de século. Mas passou quase um quarto de século e hoje temos de reconhecer que está social, psicológica e politicamente preparada e percebe, apoia e estimula aquilo que está a ser feito. E que está a ser feito aqui em Cabo Verde, e em todos os outros lados”, analisou.

“É uma ideia antiga minha e que tem dado frutos ao longo destes 50 anos. Está a dar até mais agora do que deu no início, houve uma cooperação intensa mas agora” a cooperação é diferente.  “Porque cooperamos? Havendo um apelo internacional para o Norte apoiar o Sul, para Portugal não houve dúvidas nenhumas sobre a prioridade a dar àqueles que são Estados que falam português, que vieram à independência depois de terem sido colónias, com laços históricos e todo um passado que justificava essa prioridade”, explicou.

Sobre o comunicado emitido pelo Governo, Marcelo assumiu compreender a sua função. “Achei que se completavam muito bem [declarações do próprio e posição do Governo]. Há liberdade de pensamento e de opinião em Portugal e o Parlamento é o fórum dessa liberdade”, continuou.

Amanhã, quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa participa nas comemorações dos 50 anos da libertação dos presos do Campo de Concentração do Tarrafal, símbolo da violência da ditadura colonial portuguesa.

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