Presidente do parlamento dos Açores quer que região esteja “acima de tudo”

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Na tomada de posse do governo, presidente do parlamento açoriano defendeu que "a estabilidade política é no diálogo e na procura constante de consensos", que "deve encontrar o seu principal esteio".

O Presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, Luís Garcia (D) discursa na Sessão Solene Evocativa dos 45 Anos da Autonomia dos Açores, com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores na cidade da Horta na Ilha do Faial nos Açores, 04 de setembro de 2021 EDUARDO COSTA / LUSAi

Para Luís Garcia, "mais do que nunca os olhos dos açorianos acompanham e reclamam decisões sensatas"

Eduardo Costa/LUSA

Para Luís Garcia, "mais do que nunca os olhos dos açorianos acompanham e reclamam decisões sensatas"

Eduardo Costa/LUSA

O presidente do parlamento dos Açores, Luís Garcia, defendeu esta segunda-feira que o Governo Regional, a maioria e oposição têm de ser “capazes de dialogar” e “colocar os interesses” da região acima de tudo.

“Uma autonomia que celebra em 2026 o seu cinquentenário tem de demonstrar maturidade e capacidade para lidar com novas realidades, saídas de eleições democráticas. Governos, maiorias e oposições, têm de ser capazes de dialogar e de colocar os interesses dos Açores e dos açorianos acima de tudo”, afirmou.

O presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores (ALRA) intervinha na cerimónia de tomada de posse do novo Governo Regional PSD/CDS-PP/PPM, no parlamento, na Horta, ilha do Faial.

Em 4 de fevereiro, a coligação PSD/CDS-PP/PPM venceu as regionais com 43,56% dos votos e elegeu 26 dos 57 deputados da Assembleia Legislativa, precisando de mais três para ter maioria absoluta.

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Afirmando que, “em democracia, o povo é soberano”, Luís Garcia salvaguardou ser “essencial que todos os eleitos a tenham presente na leitura e interpretação dos resultados eleitorais”.

O responsável máximo do parlamento dos Açores apontou que, durante o percurso autonómico, as soluções governativas “foram, na sua maior parte, construídas com base em maiorias absolutas”, mas, “todavia, com a diversidade partidária atual, que tudo indica ter vindo para ficar, há que estar preparados para outros cenários”.

Nesse sentido, defendeu que os interesses dos Açores e dos açorianos têm de estar “acima de tudo” e que os atores políticos têm de ter capacidade de diálogo.

Luís Garcia citou ainda a intervenção do Presidente da República em 1996, Jorge Sampaio, no parlamento dos Açores, no início de uma legislatura sem maioria absoluta, quando referiu que “a estabilidade política é no diálogo e na procura constante de consensos (…) que deve encontrar o seu principal esteio”.

Citou também Carlos César, que na altura assumiu a presidência do primeiro Governo dos Açores socialista, quando afirmou que “a situação peculiar que agora se vive nesta Assembleia, face à necessidade de preservar a estabilidade governativa, sendo nova e complexa, não é indesejável nem inultrapassável”.

“E continuou: ‘nenhum partido está isento da sua corresponsabilidade no processo político que agora se inicia'”, citou Luís Garcia.

O responsável político afirmou que recorre às palavras de ambos para “lançar este repto de serem todos parte da solução a bem dos cidadãos, famílias e empresas”, sendo que, “neste quadro político, de maioria relativa, são todos convocados a contribuir para a estabilidade política”.

“Recuso-me a aceitar que neste cenário a região seja ingovernável! Aceitá-lo significaria renegar a própria democracia. Tal como no 25 de abril, em que os cravos substituíram as balas, também agora somos chamados a priorizar os superiores interesses dos Açores em detrimento de outros, por mais legítimos que possam ser”, declarou o presidente da ALRA.

Para Luís Garcia, “mais do que nunca os olhos dos açorianos acompanham e reclamam decisões sensatas”, pedindo-se “tão só que os seus representantes conversem e construam soluções sem a necessidade de recorrer a eleições, a cada desentendimento”.

“Não se trata de coartar a liberdade e o direito à manifestação da diferença nem a construção e afirmação de alternativas políticas, vitais, aliás, para a própria democracia. São coisas bem distintas que não devem impedir o esforço na construção dos consensos necessários à governação da região”, disse.

O presidente da ALRA deixou ainda a mensagem que um parlamento democrático “não tolera a palavra que insulta, que instiga o ódio ou a violência, que discrimina ou que fere a dignidade humana”.

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