Primeiro-ministro britânico reúne com a Polícia para tentar travar tumultos em todo o país

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O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, vai realizar uma reunião de emergência com os chefes da polícia, esta segunda-feira, após a intensificação dos protestos violentos anti-imigração, em que se sucederam os casos de edifícios e veículos incendiados e hotéis que mantinham requerentes de asilo como alvos.

Os motins eclodiram em vilas e cidades inglesas na última semana, depois de três raparigas terem sido mortas num ataque com uma faca em Southport, no noroeste de Inglaterra. Estes incidentes já levaram à detenção de 420 pessoas até ao momento. Houve cenas de destruição em vilas e cidades de todo o país - tendo como alvos mesquitas, bibliotecas e um centro de aconselhamento ao cidadão.

No fim de semana, hotéis que albergavam requerentes de asilo foram atacados.

Os grupos anti-imigrantes e anti-muçulmanos espalharam desinformação online que afirmavam que o agressor era um islamista radical que acabara de chegar a Inglaterra. A polícia disse que o suspeito nasceu naquele país e não está a tratar este caso como um ataque terrorista.

Keir Starmer prometeu que os envolvidos nos distúrbios "sentiriam toda a força da lei", dizendo que aqueles que se envolvessem na "violência de extrema-direita" se arrependeriam das suas ações.

Em muitos locais, foram realizados contra-protestos - muitas vezes ultrapassando largamente a presença da extrema-direita e, por vezes, resultaram em confrontos.

Na sequência da morte das três crianças, um rapaz de 17 anos, originário de Cardiff, foi detido. Na internet, começaram a circular alegações falsas– incluindo sugestões incorretas de que era um requerente de asilo. Alguns sugeriram que o suspeito tinha chegado ao Reino Unido de barco no ano passado – tratando-se de mais uma alegação falsa.

Foi também incorretamente rotulado de "imigrante muçulmano" e erroneamente nomeado como "Ali al Shakati".

No meio de todas estas falsas especulações, um tribunal suspendeu a exigência de anonimato e o suspeito foi identificado como Axel Rudakubana – que nasceu em Cardiff, filho de pais ruandeses.

Jovem acusado de homicídio de três crianças em Inglaterra

Compareceu em tribunal acusado de três crimes de homicídio, 10 crimes de tentativa de homicídio e posse de uma faca.

A ministra do Interior, Yvette Cooper, disse que os manifestantes se sentiram "encorajados pelos acontecimentos para incitar o ódio racial", com tijolos atirados contra agentes da polícia, lojas saqueadas e mesquitas e empresas de propriedade asiática atacadas.

Durante o fim de semana, eclodiram tumultos em Liverpool, Bristol, Tamworth, Middlesbrough e Belfast, na Irlanda do Norte, sendo que quem os incorpora são jovens do sexo masculino a usar passa-montanhas e envoltos em bandeiras britânicas, atirando pedras e gritando "Parem os Barcos", numa referência aos migrantes que chegam à costa sul nos últimos anos.

Em Rotherham, no norte de Inglaterra, os manifestantes tentaram invadir um hotel que albergava requerentes de asilo.

A liberal democrata Layla Moran disse à Sky News que "bandidos extremistas de extrema-direita" estavam a organizar-se online e que eram necessários mais recursos para impedir as "publicações".

A deputada disse que teve dificuldade em remover mensagens sobre um evento “totalmente fabricado” em Oxford – uma cidade do seu distrito eleitoral.

“Estes tumultos são, em parte, alimentados por mentiras completas que são depois espalhadas nestas plataformas de redes sociais”, disse Moran.

Polícia culpa desinformação online

A Polícia culpou a desinformação online, amplificada por figuras de destaque, pela condução da violência.

Um dos mais proeminentes, Stephen Yaxley-Lennon, que liderou o grupo anti-islâmico Liga de Defesa Inglesa, foi responsabilizado pelos media por espalhar desinformação aos seus 875 mil seguidores no X.

Estão a mentir-vos a todos”, escreveu Yaxley-Lennon, conhecido pelo pseudónimo de Tommy Robinson. "Tentaram virar a nação contra mim. Preciso de ti, és a minha voz."

Elon Musk, dono do X, também deu opinião sobre a violência. Respondeu a uma publicação no X que culpava a migração em massa e as fronteiras abertas pela desordem na Grã-Bretanha, escreveu: “A guerra civil é inevitável”.

Os rumores foram alimentados nas redes socais por vários nomes de extrema-direita, como o já citado Tommy Robinson e Andrew Tate.

O deputado Nigel Farage questionou se a polícia, que afirmou que o ataque não estava "relacionado com o terrorismo", estava a ser verdadeira.

“A polícia diz que não é um incidente terrorista, tal como disse que o esfaqueamento de um tenente-coronel do exército fardado nas ruas de Kent, no outro dia, foi um incidente não terrorista”, disse o líder reformista.

"Só me pergunto se a verdade nos está a ser ocultada. Não sei a resposta a isso, mas acho que é uma pergunta justa e legítima", disse o líder do Reform UK.

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