Private Bankers aterram em Lisboa para captar como clientes os expatriados ricos

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A análise é da Bloomberg que entrevistou o local country head do banco suíço Edmond de Rothschild, Bruno de Carvalho, que revelou que “à medida que uma vaga de estrangeiros abastados se dirige para a nação ibérica, atraídos pelas suas praias banhadas pelo sol, pelos benefícios fiscais.

Os benefícios fiscais, o golden visa e as praias de Portugal estão a atrair os milionários estrangeiros que querem estabelecer-se em Portugal e a prova disso é que os private bankers estão a escolher Portugal para se estabelecerem com o objetivo de captar como clientes os estrangeiros endinheirados que estão a vir viver para o nosso país. A análise é da Bloomberg que entrevistou o local country head do banco suíço Edmond de Rothschild, Bruno de Carvalho, que revelou que “à medida que uma vaga de estrangeiros abastados se dirige para a nação ibérica, atraídos pelas suas praias banhadas pelo sol, pelos benefícios fiscais e por um programa de golden visas, são visíveis os sinais do aumento da riqueza e das mudanças que estão a varrer a capital portuguesa”. Embora alguns desses incentivos estejam a ser reduzidos, continuam a estar disponíveis para os candidatos ricos e continuam a atrair expatriados ricos.

Um dos sinais dessa mudança é o facto de os preços dos restaurantes terem disparado desde a pandemia. Os spots também se alteraram com Lisboa a ter restaurantes internacionais, rooftops, wine bars, etc.

No artigo da Bloomberg Bruno de Carvalho, CEO para Portugal do banco Edmond de Rothschild relata que costumava pagar 8 euros por um  almoço num restaurante português do outro lado da rua do seu escritório, no centro de Lisboa. Agora, o lugar é ocupado por um restaurante sul-americano de tapas e ceviche, onde um menu de degustação custa quase 10 vezes mais.

A Bloomberg cita um relatório de 2023 do Instituto Nacional de Estatística que diz que alguns estrangeiros estão dispostos a pagar mais do dobro dos compradores nacionais por uma casa em Lisboa. As reservas em alguns dos melhores restaurantes da capital são notoriamente difíceis de fazer e as listas de espera para algumas escolas internacionais podem durar anos.

A entrada de dinheiro ajudou a transformar Lisboa – outrora repleta de edifícios antigos – num dos mercados imobiliários mais quentes da Europa, empurrando para fora dos centros urbanos uma boa parte das famílias portuguesas.  Os preços dos imóveis comerciais estão a subir há dez anos consecutivos a um ritmo médio de 3,8%. Mas em 2023 esse aumento foi de 5,5%, a maior subida desde pelo menos 2009.

A subida dos preços das casas tende continuar por causa da baixa oferta de casas. A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária, um dia depois de o Parlamento aprovar a isenção do Imposto para menores de 35 anos, assim como o fim do imposto de selo na compra da primeira habitação, veio dizer que um aumento da procura por parte dos jovens, num mercado com pouca oferta de casas, vai refletir-se numa subida dos preços.

Voltando ao impacto do afluxo de imigrantes milionários, a Bloomberg diz que significou mais concorrência para o Edmond de Rothschild, com novos bancos de gestão de fortunas concorrentes a entrarem no mercado e a desencadearem uma guerra de talentos.

Só este ano, o Indosuez Wealth Management do Credit Agricole e a Union Bancaire Privée, com sede na Suíça, abriram escritórios em Lisboa. O Julius Baer Group, sediado em Zurique, também planeia expandir-se para Lisboa no próximo ano.

Embora seja bem sabido que a gestão de patrimónios é um negócio em crescimento para muitos grandes bancos em todo o mundo, a decisão de pelo menos três bancos europeus abrirem escritórios em Lisboa no espaço de um ou dois anos aponta para a importância dos influxos para a economia de 286 mil milhões de dólares e para o apelo do país para os imigrantes ricos.

A Bloomberg cita a Henley & Partners, uma empresa de consultoria em imigração, que estima que mais de 800 particulares de elevado rendimento líquido com uma riqueza disponível  igual ou superior a um milhão de dólares mudaram-se para Portugal em 2023, o que faz do país um dos 10 principais destinos para os milionários emigrantes.

Os dados do Governo mostram que o número de residentes estrangeiros no ano passado aumentou 33% para um recorde de um milhão, o que representa cerca de 10% da população.

“A nossa operação em Lisboa é muito recente, mas esperamos duplicar a atividade existente muito em breve”, afirmou Nuno Vilar Gomes, que recentemente se mudou do Luxemburgo para chefiar uma equipa de 10 pessoas do Indosuez Wealth Management em Portugal.

Longe vão os tempos que o private banking tinha como clientes em Portugal essencialmente as famílias ricas portuguesas, incluindo a família Amorim, a família Soares dos Santos, que controla a retalhista Jerónimo Martins; a família Mello que detém a Brisa; a família Champalimaud e a família Espírito Santo.

Agora, a concorrência está a intensificar-se. Os escritórios de muitos dos private banks estão a surgir ao longo da Avenida da Liberdade, em Lisboa, porque “Portugal oferece vantagens e oportunidades únicas para investidores locais e expatriados” e há mais riqueza disponível nas mãos de ambos, afirmaram à Bloomberg Luís Cabral e Marcos Milhazes, os co-responsáveis do UBP em Lisboa.

No âmbito do programa de residentes não habituais, o Governo estipulava e uma taxa fixa de imposto sobre o rendimento de 20% e uma taxa de 10% sobre as pensões durante 10 anos, mas deixou de aceitar novos pedidos este ano. No entanto aqueles que se inscreveram antes de 2024 terão esses benefícios até o final do período de 10 anos.

Embora Portugal tenha eliminado o programa de residentes não habituais, limitado os vistos gold e esteja a apertar os requisitos para alguns trabalhadores imigrantes, a maioria dos private bankers acredita que os estrangeiros abastados continuarão a chegar pela segurança e pelas oportunidades de negócio oferecidas pelo país, já para não falar do clima quente.

O interesse em Portugal estende-se a outros locais, incluindo as estâncias balneares da Comporta e de Melides. O estilista e designer de moda francês Christian Louboutin abriu recentemente um hotel de cinco estrelas em Melides, que fica a cerca de 75 quilómetros a sul de Lisboa.

Também Philippe Starck, designer e arquiteto francês, tem casa na Comporta e acaba de decorar o novo restaurante do Grupo Praia, o Praia na Comporta, um chalet no areal do Pego, com vista para as dunas da praia e montanhas da Serra da Arrábida.

Também a Amorim Luxury rumou à Comporta com o JNcQUOI Beach Club, que marca a estreia do grupo na região, mais precisamente na Praia do Pego. Da autoria do arquiteto belga Vincent Van Duysen, este projeto antecede o que se seguirá e que é a abertura de uma unidade hoteleira na Comporta.

Citado pela Bloomberg, o CEO do banco Rothschild diz que “o país internacionalizou- se”, sublinhando que os estrangeiros representam cerca de um quarto dos seus clientes. “Não há volta a dar”, conclui.

Já o UBP lembra que está familiarizado com o mercado português porque comprou o banco privado suíço do Banco Comercial Português em 2021.

A Union Bancaire Privée (UBP) e o Banco Comercial Português (BCP) anunciaram em 2021 que celebraram um acordo através do qual o UBP adquire o banco privado suíço do grupo, o Millennium Banque Privée – BCP (Suisse). A abertura do UBP em Lisboa no início deste ano foi o “próximo passo lógico”, disseram os private bankers à Bloomberg.

A agência noticiosa relata ainda que com os bancos Edmond de Rothschild e o norte-americano AlTi Tiedemann Global, que tem um escritório em Lisboa, a procurarem aumentar o seu número de colaboradores, está também a criar-se uma guerra pelo talento num mercado com uma oferta limitada de private bankers.

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