Produtores de Medronho defendem medidas diretas a proprietários em Odemira

2 meses atrás 79

"No terreno não tem havido recuperação do ponto de vista público e, até mesmo, o financiamento não me parece ainda ter chegado aos proprietários para fazerem a recuperação dos seus terrenos e as limpezas", disse o responsável em declarações à agência Lusa.

Num balanço do trabalho que foi feito no terreno, um ano após o incêndio que consumiu 8.400 hectares de uma área de mato e pinhal na zona de Baiona, na freguesia de São Teotónio, Afonso Pereira é peremptório:"Está tudo exatamente como estava depois do incêndio, a recuperar e a regenerar de uma forma natural".

"Sabemos que temos uma área florestal afeta ao medronho que pode chegar aproximadamente aos 300 hectares" nos concelhos de Odemira (Beja) e Aljezur, no distrito de Faro, que foi "afetada e que, entretanto, está a regenerar por si mesmo", explicou.

O também produtor de medronho e proprietário de uma destilaria na freguesia onde o incêndio deflagrou em 05 de agosto de 2023, perdeu entre "dois a três anos de cultura", um "bar, um armazém e o sistema de rega" da plantação de medronho que "foi toda afetada".

"Isto é uma empresa, temos isto documentado" e, por isso, "conseguimos, de alguma forma, reaver os valores" dos bens materiais perdidos, através de uma medida que permite o restabelecimento da capacidade produtiva.

No entanto, "outros produtores, que não têm essas situações documentadas ou registadas como empresa ou projeto de financiamento, não conseguem chegar a esse financiamento", disse o responsável, apesar de reconhecer que as autoridades nada podem fazer em relação a esta questão.

"O medronho tem um impacto muito importante na preservação e na regeneração da floresta e todas as medidas que incentivem a atividade parecem-me boas. Esta espécie é fundamental para a composição do mosaico florestal e permite uma maior resiliência das florestas e proteção contra incêndios", considerou.

Sobre a criação de uma Área Integrada de Gestão da Paisagem (AIGP), o dirigente da Arbutus disse tratar-se de "uma excelente ideia", embora com "uma execução muito complexa e muito difícil".

"Aquilo que o Governo propõe é fazer uma Área Integrada de Gestão [da Paisagem] porque tem muitos fundos e uma taxa de comparticipação muito alta, mas a verdade é que um ano depois do incêndio estamos praticamente a zeros", criticou.

Por isso, Afonso Pereira defendeu "medidas específicas diretas para os produtores, famílias e empresas recuperarem os seus terrenos".

E sustentou que "há muitas pessoas que puseram os seus projetos de recuperação das áreas florestais em espera porque estão na expetativa de perceber o que é que vai acontecer e já se passou um ano".

"Acho que é uma perda de oportunidade porque isso já devia ter acontecido mais rápido e, logo após o incêndio, as pessoas deviam ter condições para poder estar imediatamente nos terrenos a fazer o desbaste das árvores queimadas que já não recuperam, em específico o medronheiro", argumentou.

À Lusa, o dirigente apontou como positiva a criação da Rota Turística das Destilarias de Medronho do Sudoeste, através de uma medida de regeneração do território, financiada pelo Turismo de Portugal.

"A nossa associação fez essa candidatura em parceria com o município de Odemira, o que é positivo, na medida em que vai impulsionar a vertente turística desta atividade, através da criação de um guia que identifica as destilarias que são visitáveis no concelho de Odemira", concluiu.

Leia Também: Em Odemira refaz-se a vida após fogo. Há quem desespere por voltar a casa

Ler artigo completo