Professores. É preciso garantir que todos os alunos têm aulas, diz o Governo

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06 ago, 2024 - 20:47 • Fátima Casanova

Ministério da Educação envia para as escolas, guião de apoio à organização do próximo ano letivo para dizer aos diretores que as aulas têm “absoluta prioridade em detrimento de qualquer outro serviço”. Ao mesmo tempo anuncia a contratação de mediadores linguísticos e culturais para promover a integração de alunos migrantes.

O Ministério da Educação fez um guião de apoio à organização do novo ano letivo, onde clarifica estratégias para evitar que os alunos não tenham aulas por causa da falta de professores. O Ministério de Fernando Alexandre aponta como objetivo que os alunos tenham todos os professores logo a 12 de setembro.

Neste documento é pedido aos diretores para darem “prioridade à componente letiva, em detrimento de qualquer outro tipo serviço”.

O Ministério admite que que “o maior desafio para a qualidade e equidade do sistema educativo, é a existência de alunos sem aulas, especialmente em alguns grupos de recrutamento e regiões do país”.

Este documento foi recebido com alguma surpresa pelo diretor do Agrupamento de Escolas Cego do Maio, na Povoa de Varzim, admitindo que este tipo de comunicação não é habitual.

À Renascença, Arlindo Ferreira salienta que “o ministro da Educação já fez as contas e já percebeu que muito dificilmente irá ter professores para todos os alunos ao longo do próximo ano”.

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Este professor revela que “há um conjunto de medidas adicionais, que serão aplicadas em setembro junto de cerca de 160 escolas, na zona de Lisboa, Setúbal e Algarve”.

Segundo o autor de um conhecido blogue sobre educação, “será neste conjunto de escolas que serão aplicadas medidas como contratação de docentes aposentados com remuneração extra, os 140 técnicos especializados para apoio administrativo, o alargamento até às 10 horas extraordinárias para os professores dos quadros, o que permite às escolas", diz este professor, "organizarem-se melhor”.

Também será neste conjunto de escolas que será alargado o “período da substituição dos docentes, de 3 meses para um ano, cuja junta médica indicia incapacidade para o exercício de funções durante todo o ano letivo”, lê-se no guião enviado às escolas.

Falta de professores vai começar a agravar-se em outubro

O diretor do Agrupamento de Escolas Cego do Maio, na Povoa de Varzim, considera que, apesar das medidas anunciadas, vai haver sempre o mesmo problema, em setembro, nas zonas habitualmente carenciadas”.

Explica Arlindo Ferreira que “muitos professores que entraram agora nos quadros em Lisboa, eram professores que estavam habitualmente em lista de espera de reserva para serem colocados no Norte".

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Este professor considera que, quando começarem a surgir os atestados, em outubro, a lista de candidatos à reserva de recrutamento vai diminuir, concluindo que o problema da falta de professores não vai centrar-se só em Lisboa ou no Algarve, mas possivelmente também vai afetar o Norte do país”.

O autor do Blogue DeAr Lindo diz que no último ano letivo “já foi difícil substituir os professores a partir de março”, na região Norte, antecipando que neste ano letivo a falta de docentes se comece a fazer sentir já em outubro, porque “a reserva que existe de professores não é suficiente para as necessidades de um ano inteiro”.

Ministério da Educação quer contratar mediadores para ajudar alunos estrangeiros.

No guião enviado para todos os estabelecimentos de ensino, o Ministério da Educação anuncia a “contratação de mediadores linguísticos e culturais para promover a integração de alunos migrantes”.

Estes profissionais vão ser colocados em escolas sinalizadas como tendo um número significativo de alunos estrangeiros, fora da Comunidade os Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A Renascença já questionou o Ministério da Educação sobre quantos destes profissionais serão contratados para o próximo ano letivo, mas ainda não obteve resposta.

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