Prognósticos de Paulo Duarte: candidatos ao título e eventuais deceções do CAN

8 meses atrás 55

Faltam escassas horas para o arranque da maior competição do futebol africano. Paulo Duarte, atual selecionador do Togo e profundo conhecedor do contexto futebolístico em África, esteve à conversa com o zerozero sobre o CAN, realçando os principias candidatos, eventuais deceções, entre outras previsões.

Com os olhos postos no troféu

Nas últimas seis edições da prova, a vitória final seguiu para seis conjuntos distintos, fenómeno que coloca em pratos limpos a consequente imprevisibilidade. Apesar do vasto lote de possibilidades, o técnico de 54 anos escolheu três formações favoritas a levantar o troféu:

EQUIPA COMENTÁRIO
Marrocos «Para mim, a melhor equipa, em termos de coletivo e grandeza futebolística. Não só pelo Mundial que fez, mas também pelas suas individualidades. São um conjunto bem organizado, que se destaca pela sua solidez defensiva. Têm tudo para chegar longe.»
Costa do Marfim

«Apesar de ser uma seleção com um ritmo bastante baixo, mesmo muito lento, possui atletas com muita capacidade. Para além disso, é o país organizador. Quando se joga em casa, há sempre o enorme apoio do público, bem como as ajudas da arbitragem. É algo inevitável.»

Senegal «Tem dos melhores jogadores da Europa. Para além disso, a dimensão qualitativa é bastante grande, maior que qualquer outro favorito, com múltiplos atletas a atuarem como titulares nos principais campeonatos, como o inglês e o francês. A seleção poderia fazer três equipas distintas com o mesmo plantel, que os níveis valorativos continuariam a ser elevados, fruto do vasto leque de opções.»

O treinador mencionou, ainda, a Tunísia e a Argélia, mas garantiu que a filosofia de jogo adotada pelas duas turmas, bem como a respetiva forma atual, não lhes permite entrar neste pedestal: «São equipas que basculam muito e que vacilam nos momentos-chave. São muito imprevisíveis nesta nova era do futebol africano. Muita coisa mudou e, nesta fase, não estão a praticar um estilo consistente.»

@Getty /

Contudo, não são as únicas seleções com défices exibicionais. Por exemplo, a Nigéria, liderada pelo português José Peseiro, somou apenas um triunfo nos últimos cinco encontros disputados, com o mais recente desaire a ocorrer na antecâmara da estreia no Campeonato Africano das Nações, diante da Guiné Conacri (2-0).

Hora de contrariar o sub-rendimento

Para o experiente mister, os super eagles, vencedores do torneio em três ocasiões distintas, podem mesmo surpreender... pela negativa: «Embora seja uma potência do continente, acabou por falhar o último Mundial e realizou uma qualificação bastante abaixo do expectável. Possui jogadores de alto calibre, mas que não conseguem mostrar regularidade.»

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Também as raposas do deserto voltaram a merecer uma nova menção por parte do antigo futebolista, desta vez, numa categoria não tão favorável. Apesar dos pupilos de Belmadi terem conquistado a competição recentemente (2019), faltam armas para atacar esta edição: «A Argélia tem índices de agressividade muito fortes, mas atualmente tem poucos nomes sonantes

O Gana é o terceiro conjunto que mais levantou o caneco - 1963, 1965, 1978 e 1982 -, só atrás dos Camarões e do Egito. Porém, de acordo com Paulo Duarte, as estrelas negras «não renovaram a equipa atempadamente», estando agora a correr atrás do prejuízo, com mudanças graduais.

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Esta subprodução não é fruto do acaso. O selecionador dos gaviões acredita que a toxicidade nos relacionamentos extracampo contribuem para este fenómeno: «Balneários que não são apropriados em termos de ambiente, vedetismos que não são controlados por alguns treinadores, por falta de liderança.»

«Treinadores mais velhos, com aproximadamente 60 anos, por vezes, já não se conseguem impor. Atletas em fim de linha já não têm a mesma capacidade de entrega e, em diversos casos, não há renovação de plantel», acrescentou ainda.

Jogadores em destaque na «anormalidade festiva»

O CAN terá inúmeras caras conhecidas ao seu dispor, com múltiplos futebolistas a atuarem regularmente em solo europeu. Questionado sobre quem serão as grandes figuras da prova, Paulo Duarte foi perentório.

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«O Osimhen, do Napoli, que foi nomeado o melhor jogador africano, está em grande crescimento. O Salah é sempre um candidato fortíssimo, a equipa depende muito dele. Antigamente não era uma peça individual que fazia a diferença. Basta ver pelo Al-Ahly, que é a equipa mais titulada do mundo. O Sadio Mané também é um jogador de elite», salientou.

@CAF

Embora o torneio envolva múltiplos craques, a verdade é que a visibilidade do CAN em território nacional é escassa: «Portugal nunca foi habituado a viver de África, ao contrário dos franceses e dos belgas. Nós nunca demos a devida relevância». Na visão do técnico oriundo de Massarelos, acabamos por ficar a perder.

«O que este campeonato tem de distinto é a anormalidade festiva: um público fervoroso, que manifesta-se de uma maneira mais efusiva, comparativamente com o paradigma europeu. O futebol faz esquecer as tremendas dificuldades vividas», afirmou.

«Um grande jogo» para abrir as hostilidades

Ao contrário da maior parte das fases finais das disputas entre nações, o CAN está agendado para o início do ano civil. Segundo Paulo Duarte, o calendário programado é o ideal: «Quando as provas são disputadas após o término da época, os atletas estão cansadíssimos», referiu, seguido de um exemplo.

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«No último Mundial, contestado por muita gente pela data em que foi marcado, o ritmo de jogo foi bastante intenso. Os jogadores estarem semi frescos é o grande ingrediente para a elevada competitividade do torneio. De realçar, ainda, que o clima é intermédio, ao contrário do que as pessoas pensam», destacou.

No próximo sábado, o confronto entre Costa do Marfim e Guiné-Bissau irá abrir as hostilidades. Aos olhos do ex-defesa, os espectadores poderão «esperar um grande jogo», com o resultado a poder pender para ambos os lados: «Ou a Guiné-Bissau obtém um resultado dilatado, ou o resultado é escasso a favor da Costa do Marfim.»

«A Guiné-Bissau tem um bom plantel, mas poderia ser melhor, caso muitos jogadores não tivessem optado pela nacionalidade portuguesa. Já a seleção anfitriã é uma equipa de elite, que peca pela acrescida idade de alguns jogadores. Seguramente, a Guiné irá correr mais, mas a experiência também conta muito», rematou.

Nigéria

Victor Osimhen

NomeVictor James Osimhen

Nascimento/Idade1998-12-29(25 anos)

Nacionalidade

Nigéria

Nigéria

PosiçãoAvançado (Ponta de Lança)

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